Por universidades comuns: espaço e genealogia das emergências nas universidades europeias contemporâneas

Abstract

Este trabalho reflecte sobre o modo como a teoria crítica do espaço pode contribuir para uma genealogia das emergências nas universidades europeias contemporâneas. A literatura existente estuda as mudanças nas condições da vida académica, sendo esta crescentemente caracterizada pelo trabalho precário e por um mercado de trabalho fragmentado - mesmo em estados onde aumentou o investimento na Educação Superior (ES). Tal literatura aborda a neoliberalização para compreender as transformações nas experiências vividas. No entanto, inspirados pela “etnografia crítica” de Hart, suspeitamos de narrativas incapacitantes em relação à neoliberalização. As práticas governamentais estarão certamente ligadas a um enfoque nas hierarquias académicas globais, incluindo modelos normativos de como as universidades devem ser estruturalmente ajustadas para que possam competir; mas os aspectos da vida académica descritos não são meras variações “locais”, já que são constituídos de um modo contingente e através de práticas situadas. Evocamos perspectivas metodológicas dos estudos do espaço para defender um exame diacrónico da articulação situada da neoliberalização com persistências de racionalidades de governo pretéritas. Como alternativa ao enfoque numa excelência desenvolvente no quadro de hierarquias, este trabalho sugere exercícios prospectivos fundados nas potencialidades situadas de todas as universidades enquanto universidades “comuns” - simultaneamente “ordinárias” e um recurso colectivo.

This paper presents a reflection on how spatial theory can contribute to a genealogy of emergences in contemporary European universities. The extant literature examines the changing conditions for academic life, increasingly characterized by casualized labor, a fragmented job market, and projectification - even in states where Higher Education (HE) investment has increased. Research has addressed neoliberalization to shed light on changing lived experiences. However, inspired by Hart’s “critical ethnography,” we are suspicious of disabling teleological narratives regarding neoliberalization. While national and local governmental practices are arguably linked to an attention to global academic hierarchies, entailing normative models of how universities everywhere inevitably have to be structurally adjusted in order to compete, the features of academic life described above are not mere “local” variations, as they are constituted contingently and through situated practices. By evoking methodological perspectives within spatial studies, the paper argues for a dyacronic examination of how neoliberalization is situatedly articulated with persistencies of past rationalities of rule in European HE systems. The paper proposes prospective exercises based on the situated potentialities of all universities as “common” universities—both “ordinary” and a collective resource - instead of being founded on a developmental focus on excellence within national, regional, and global hierarchies.