Literatura e cinema : o olhar de Jano : Vergílio Ferreira e o espaço do indizível

Abstract

O presente trabalho equaciona algumas das especificidades que afectam o diálogo entre a Literatura e o Cinema, considerando que se assume a Narratologia como eixo e ciência instrumental, capaz de estabelecer um duplo olhar. Entre passado e presente, entre a diacronia e a sincronia, entre a convergência e a divergência, entre os movimentos, as correntes estéticas e as escolhas pessoais, entre a investigação suportada por um corpus teórico (a primeira parte da dissertação) e a avaliação de um caso em particular, o de Vergílio Ferreira (a segunda parte), o nosso percurso foi iniciado com uma avaliação das relações entre o texto e a imagem num plano diacrónico, de modo a compreendermos os momentos de simbiose e de dissídio. A primeira parte deste trabalho termina com uma análise sobre o estado da questão da adaptação cinematográfica, ponderando as dificuldades inerentes ao processo de transposição intersemiótica e caracterizando as principais tipologias da adaptação. A segunda parte investiga as principais linhas de aproximação entre narrativa literária e narrativa fílmica em Vergílio Ferreira, romancista e pensador, que vislumbrou o Cinema como um Espaço do Indizível, uma dimensão etérea, (meta)física, capaz de ilustrar e imortalizar ideias e problemáticas, possibilitando a exploração e a visualização dos pensamentos mais íntimos. Entre a letra e a imagem, são analisadas, à luz de Jano, a Conta-Corrente, os seus romances e (im)possíveis contaminações cinematográficas, bem como as adaptações ao Cinema de Cântico Final e Manhã Submersa.