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https://hdl.handle.net/10316/31056
Title: | O comportamento antissocial na adolescência: Dimensões individuais de um fenómeno social | Authors: | Morgado, Alice Murteira | Orientador: | Dias, Maria da Luz Vale | Keywords: | adolescência; comportamento antissocial; desenvolvimento; personalidade; autoconceito; família; competências sociais; adolescence; antisocial behaviour; development; personality; self-concept; social skills | Issue Date: | 14-Jul-2016 | Citation: | MORGADO, Alice Murteira - O comportamento antissocial na adolescência : dimensões individuais de um fenómeno social. Coimbra : [s.n.], 2016. Tese de doutoramento. Disponível na WWW: http://hdl.handle.net/10316/31056 | Abstract: | O trabalho aqui apresentado compila um conjunto de estudos realizados com o propósito de compreender o fenómeno antissocial no contexto do desenvolvimento normativo na adolescência. Não obstante a existência de objetivos específicos distintos, o desígnio último de cada estudo foi integrar uma investigação mais abrangente sobre as tendências antissociais na adolescência e contribuir para avanços significativos nas questões que ainda carecem de resposta, mesmo apesar de todos os estudos prévios disponíveis nacional e internacionalmente.
Partindo de uma reflexão em torno do estado da arte no tema de investigação, são apresentadas algumas especificidades do comportamento antissocial na adolescência, que ilustram a sua significativa complexidade e prevalência neste estádio de desenvolvimento particular. Discutem-se algumas perspetivas teóricas de relevo que poderão contribuir para um adequado enquadramento do presente trabalho e é feita uma revisão de literatura relativa a algumas das variáveis que mais têm sido associadas ao fenómeno antissocial na adolescência, em particular, género, condições socioeconómicas, variáveis familiares, características psicossociais, personalidade, autoconceito e inteligência.
Os estudos empíricos que se seguem foram realizados através de dados obtidos em amostras ocasionais de forma coletiva e anónima. Foram avaliadas condições de vida, tendências comportamentais, personalidade, autoconceito, competências sociais e ambiente familiar através de instrumentos de autorrelato e, quando possível, os encarregados de educação dos jovens auscultados preencheram também uma medida comportamental e um questionário sociodemográfico.
Inicialmente é apresentado um estudo realizado numa amostra ocasional de 489 adolescentes, entre o 5º e o 12º ano de escolaridade, sobre comportamento antissocial, em rapazes e raparigas, e a sua relação com a idade, nível socioeconómico, personalidade, competências sociais, autoconceito e ambiente familiar. Os resultados revelam diferenças de género assinaláveis que espelham características e recursos distintos em rapazes e raparigas. A ausência de diferenças em algumas dimensões é, também, destacada, revelando uma maior igualdade de género, em particular, no que concerne a aspetos familiares e autocontrolo. Foram encontradas relações significativas entre comportamento antissocial, idade, personalidade, competências sociais, autoconceito e ambiente familiar em ambos os sexos.
O capítulo que se segue apresenta um modelo de equações estruturais testado com a mesma amostra. Os resultados evidenciam uma complexa rede de relações e efeitos envolvidos na explicação do comportamento antissocial na adolescência, chamando a atenção para a importância de considerar o papel das dimensões explicativas, não apenas diretamente, mas também através da sua relação com outras variáveis preditoras.
Apesar de o âmbito deste trabalho se centrar no desenvolvimento normativo na adolescência, o último estudo empírico apresentado é realizado com uma amostra ocasional de 121 rapazes delinquentes. Com efeito, assumindo que existe uma tendência antissocial geral na adolescência, será importante compreender as particularidades de uma população com elevados níveis de tendência antissocial, assim como as manifestações comportamentais que vão para além do que é mais ou menos generalizado na sociedade e que poderão resultar em delinquência. A investigação em causa demonstrou algumas homogeneidades preocupantes na amostra no que se refere ao insucesso académico, ao nível socioeconómico e à dimensão da família. Confirmou-se o papel preditivo da personalidade, autoconceito, autocontrolo e ambiente familiar nos scores antissociais, e foram evidenciadas diferenças no psicoticismo, comportamento antissocial e ambiente familiar entre indivíduos com diferentes manifestações comportamentais. Todavia, nenhum dos fatores apresentou correlações com a idade.
Os resultados obtidos sugerem a existência de fatores gerais que explicam a tendência antissocial, desde o desvio normativo na adolescência até à delinquência, mas também evidenciam diferenças assinaláveis entre comportamentos distintos em natureza e grau de gravidade. São, ainda, destacados os papéis diferenciados de fatores mais permeáveis à idade e de fatores com maior grau de estabilidade.
De um modo geral, este trabalho permitiu responder a algumas das questões inicialmente colocadas. Através da exploração do papel conjunto da personalidade, competências sociais, ambiente familiar, autoconceito, nível socioeconómico e género nas tendências antissociais entre adolescentes, abriram-se caminhos para novos avanços na investigação e na prática, com o foco colocado no indivíduo e na complexa rede de fatores que, em conjunto, contribuem para a explicação do comportamento antissocial na adolescência. This work compiles a group of studies carried on with the purpose of understanding the antisocial phenomenon in the scope of normative adolescent development. Although with different specific goals, the ultimate objective of each study was to be included as part of a thorough research on antisocial tendencies in adolescence and to contribute to significant advances in the unanswered questions that remain, despite all the previous studies that are currently national and internationally available. Beginning with a reflection on the state of the art of the main topic of research, the specificities of antisocial behaviour in adolescence are presented, illustrating its remarkable complexity and prevalence during this particular stage of human development. Relevant theoretical perspectives that constitute important frameworks for this work are discussed, together with some of the most important variables that have been associated with the phenomenon. Literature supporting their role on adolescent antisocial behaviour is reviewed, specifically, gender, socioeconomic conditions, family variables, psychosocial characteristics, personality, self-concept, and intelligence. Empirical studies that follow were conducted with data collected collectively and anonymously from occasional samples of adolescents. Self-report measures were used to assess living conditions, behavioural tendencies, personality, self-concept, social skills, and family environment. When possible, parents also filled a behavioural measure and a sociodemographic questionnaire. Firstly, a study on male and female antisocial behaviours and their relation with age, socioeconomic status, personality, social skills, self-concept, and family environment is presented with an occasional sample of 489 students between the 5th and the 12th grades. Results reveal interesting gender differences that show distinct characteristics and resources in boys and girls. The absence of differences in some variables is also highlighted, revealing increasing gender equality, particularly regarding family factors and self-control. There were significant relations between antisocial behaviour, age, personality, social skills, self-concept and family environment in both genders. The following chapter presents a structural equations model tested with the same sample. Results evidence a complex net of relations and effects involved in the explanation of adolescent antisocial behaviour, pointing out to the importance of considering the role of explanatory dimensions, not only directly, but also, in relation to other predictors. Although the focus of this work was on normative adolescent development, the last empirical study focuses on an occasional sample of 121 delinquent boys. In effect, assuming that there is a general antisocial tendency in adolescence, it is important to understand the peculiarities of a severely antisocial population and the behaviours that go beyond what is more or less generalized in society and may result in delinquency. Research evidenced some worrying homogeneities in the sample on academic achievement, socioeconomic status and family size. Analysis confirmed the predictive role of personality, self-concept, self-control and family environment on antisocial scores. There were differences in psychoticism, antisocial behaviour and family environment according to behavioural sub-types, but none of the factors correlated with age. In summary, evidence suggests the existence of general factors that explain antisocial tendency, from adolescent normative deviancy to delinquency, but also points out important differences between different behaviours in terms of nature and severity. The distinct roles of factors that are more malleable to age and of those who present higher degrees of stability are highlighted. Overall, this work answered some of our initial questions. By exploring the joint role of personality, social skills, family environment, self-concept, socioeconomic status and gender in antisocial tendencies, it uncovered new paths that may lead to advances in research and intervention, with a focus on the individual and on the complex net of factors that, together, contribute to explain adolescent antisocial behaviour. |
Description: | Tese de doutoramento em Psicologia, na especialidade de Psicologia do Desenvolvimento, apresentada à Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação da Universidade de Coimbra | URI: | https://hdl.handle.net/10316/31056 | Rights: | openAccess |
Appears in Collections: | FPCEUC - Teses de Doutoramento |
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