Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/26539
Title: Convento de Cristo - 1420/1521 - Mais do que um século
Authors: Bento, Maria José Travassos de Almeida de Jesus 
Orientador: Craveiro, Maria
Keywords: Convento; Tomar; Ordem de Cristo
Issue Date: 22-Jan-2016
Citation: BENTO, Maria José Travassos de Almeida de Jesus - Convento de Cristo - 1420/1521 - Mais do que um século. Coimbra : [s.n.], 2016. Tese de doutoramento. Disponível na WWW: http://hdl.handle.net/10316/26539
Abstract: Este trabalho de investigação teve como objectivo fundamental a verdadeira compreensão de um dos conjuntos edificados mais complexos de Portugal, no período específico entre 1420 e 1521, e que compreendeu a regedoria da Ordem de Cristo pelo Infante D. Henrique e por D. Manuel I. Alicerçou-se nas teorias enunciadas na dissertação de Mestrado em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra em 2009, intitulada “O Convento de Cristo em Tomar: do Infante D. Henrique às empreitadas manuelinas”, de que é autora. A procura da confirmação de algumas dessas teorias através da consulta exaustiva do fundo documental do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, a utilização de estudos de GPR e do acompanhamento de campanhas arqueológicas que, então, se desenvolveram no convento, permitiram a identificação de percursos e de espaços desconhecidos, numa percepção de um todo arquitectónico até aqui incompreendido. Assim, tornou-se possível a identificação, nos descontextualizados claustros henriquinos, do cumprimento rigoroso da tipologia dos mosteiros cistercienses demonstrando a intenção do Infante D. Henrique na sua utilização como regra e referência. Identificou-se, também, que a utilização da Charola como igreja conventual, cuja definição planimétrica contrariava a tipologia cisterciense, não impediu o cumprimento do seu plano, adaptando a planta centralizada às novas exigências pretendidas, através da inclusão do coro e das ligações obrigatórias da igreja com o dormitório, o claustro e o acesso individual dos leigos. Esta nova leitura espacial acompanha a introdução de referências do modelo cisterciense para a construção do convento, ao mesmo tempo que percepciona a introdução de um novo formulário arquitectónico na construção dos Paços do Regedor da Ordem. Esta, definiu-se pela particularidade de, pela primeira vez, o Regedor da Ordem ser um leigo não podendo, por isso, partilhar a sua residência com os religiosos conventuais, e obedeceu a fórmulas de carácter civil, cumprindo-se na íntegra, a tipologia de uma casa senhorial. A necessidade de enquadramento exterior deste paço e de articulação do antigo recinto norte da fortaleza templária, onde se instalaram o convento e o paço da Ordem com os restantes espaços amuralhados levou, entre outras intervenções, à abertura da Porta do Sol e à definição do terreiro do Recebimento. Descobre-se, assim, um convento de raiz tipológica cisterciense, que engloba na sua formação a mítica Charola templária e que funciona, durante quase meio século, segundo esses princípios vivenciais. Ao mesmo tempo, assiste-se ao funcionamento da dupla urbanidade de Tomar, através da distribuição das actividades de carácter administrativo no interior da vila amuralhada, e da exploração comercial, industrial e de hospedagem na vila ribeirinha. A tomada de consciência de que as vilas de Tomar foram fundadas pela Ordem do Templo e se tornaram pertenças da Ordem de Cristo, permitiu reconhecer a importância deste território como elemento passível de ser instrumentalizado. Assim se compreendeu a acção de D. Henrique de reconversão e dignificação dos espaços urbanos e, posteriormente, de D. Manuel, com a transformação da vila amuralhada em vila clerical e a reconfiguração do espaço urbano da vila de baixo. Foi, aliás, a regedoria de D. Manuel, que rompeu com a rigidez formal cisterciense e introduziu uma complexidade plástica e formal que parecia ter transformado o anterior convento cisterciense em algo meramente casuístico, ornamental e despropositado; quase, ou mesmo, megalómano. A compreensão e a leitura deste objecto arquitectónico conventual na sua relação com a vila amuralhada, na correlação com a vila de baixo e na consequente identificação enquanto estrutura de excepção no panorama nacional do final de quatrocentos e início de quinhentos, permitiu a verdadeira consciencialização do poder da Ordem de Cristo. Foi, aliás, a chegada de D. Manuel à Regedoria da Ordem que imprimiu um novo fôlego nos objectivos inicialmente traçados pelo Infante, originando uma verdadeira transformação no convento e nas vilas, que se agigantaram. Novas formas materiais, técnicas e cores invadem o senhorio da Ordem de Cristo mas, acima de tudo, uma nova gestão permite transformar “ferro em ouro”. O convento e paço mestral invadem e preenchem toda a estrutura fortificada, e a vila intramuros, agora transformada em vila clerical, adquire a função do dormitório da clausura. A casa do capítulo manuelina e o renovado pátio do recebimento formalizam, a partir de então, a entrada de aparato na Sede da Ordem por cavaleiros e leigos, e o convento é coberto de pinturas, estuques e guadamecis; a vila clerical é recuperada e dignificada. Em simultâneo, e pela mão de D. Manuel, a vila de baixo reajusta-se, redefine-se e especializa-se, transformando-se na única Tomar. A administração, a indústria, o comércio e o lazer tomam o seu lugar pré definido na nova Vila, que resplandece com as novas regras urbanísticas que saneavam terrenos, construíam frentes ribeirinhas de trânsito fluvial, traçavam e regulavam alinhamentos e cérceas, ao mesmo tempo que redefiniam o espaço público segundo princípios cénicos e de aparato. O senhorio da Ordem de Cristo espelhava, agora sim, a administração de um rei que se caracterizava por uma vontade firme de exteriorizar e de materializar as suas qualidades, e de se afirmar enquanto monarca eleito e pré-destinado para construir um império e mudar a geografia do mundo. Este trabalho de investigação teve como objectivo fundamental a verdadeira compreenção deste complexo edificado, e permitiu a reconstituição de todos os espaços que compunham e definiam a Sede da Ordem de Cristo e as vilas de Tomar. Desconstruiu mitos e questionou teorias e lendas que se perpetuaram no tempo em redor deste monumental edifício, resgatando a sua verdadeira identidade.
"Convent of Christ - 1420-1521 - more than a century," this title encapsulates the temporal space and the building has been chosen for the research work that led to this PhD thesis. It follows from this research, a first approach to the same period in the framework of the Master's thesis in Art History College of Arts, University of Coimbra, entitled The Convent of Christ in Tomar, the Infante D. Henrique Manuelinas to large contracts. It was intended, now, a deeper understanding of the pathways and the spatial relationships of the architectural structure of the convent building, which was both the headquarters of the Order of Christ, seeking to confirmation for many hypotheses envisaged under the Master. Alongside this, the ambition to understand the urban structure inherent in Intramuros village and its relation to the village below. At first sight the program seemed simple and aim for it consisted in continuation / confirmation of the research work done during the Masters. However, and with respect to the Convent and the Order of Christ, nothing is simple and much less objective. We are facing one of the most complex buildings in the history of National and World Architecture, rated Heritage. The proposed and planned methodology, which was structured, mostly from studies of GPR and archaeological surveys, proved in part fruitless since the current asset policy is not receptive, much less research funding works. Still, it was possible to perform some GPR scans, with the support of the Polytechnic Institute of Tomar, but lacked confirmation has not been authorized by the entity that oversees the property, to repetition. It is clear that the issue of archeology has been completely abandoned by lack of funds, given that it is difficult to get permission to conduct any archaeological survey. Aware of this reality, the research was structured, mainly based on the documentary resources of the National Archives of Torre do Tombo, in particular Fund Order of Christ / Convent of Tomar, and continued observation and analysis of the constructed surfaces. Insisted in furthering knowledge during this timeline. The vastness of the topic in question and the need to establish points of comparison and critical analysis, forced the conclusion that each of these chapters is constituted by you as a new area of research. In fact, starting soon and the first chapter of this thesis, the Order and the aldermen, it was necessary to understand what kind of relationship Infante and D. Manuel had with the Order and to what extent is this relationship was crucial to the formation of structure convent. Knowing this dynamic, it progressed a little further in trying to understand the action of the Order in double urbanity village of Tomar, in character as landlord of the Order, the relevance of coexistence, to D. Manuel, the walled town and village riverside. In the villages, understand the reason that had given rise to the lay expulsion, of the walled town, by D. Manuel. But the central purpose of this investigation concerned the convent itself, and the house of his Regedor. It was absolutely necessary to clarify the origin of the convent Henrique's like building Cistercian mother even after being converted or converted to exoticism and exuberance manueline, retained its functional origin scheme by introducing only a few variations. But what were the reasons for these atypical features? And would the Convent of Tomar the only building to have these "anomalies"? And the palace of Regedor what the real reason for the construction of the palace into a mayor who does not reside in the place and the regularity with which travels to take does not seem to justify such an investment? What is the justification for not get lodged in the convent itself? The questions are always put in the link order / architectural object. The constant use of the image, the design and the virtual reconstruction of spaces is due and is absolutely necessary for understanding the structure and size of the architectural object in question. Witness in a building seven centuries of constant building project, in which mostly covered and reshaped the entire complex built, go back to the early fifteenth century and uncover the first three centuries of its construction, it proved a Herculean task fascinating and inexhaustible. This thesis would seem, therefore, as the rise of four centuries of construction and the target of an intense light on the constructive path occurred between 1420 and 1521, sought to clarify what the time was in charge of obscuring.
Description: Tese de doutoramento em Letras, na área de História, na especialidade de História da Arte, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/26539
Rights: openAccess
Appears in Collections:FLUC Secção de História - Teses de Doutoramento

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