Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/23808
Title: Violência entre irmãos : contributos para o seu estudo numa amostra de estudantes universitários
Authors: Relva, Inês Moura de Sousa Carvalho 
Orientador: Alarcão, Madalena
Fernandes, Otília Monteiro
Keywords: Psicologia forense; Violência familiar; Relações entre irmãos
Issue Date: 16-Jul-2013
Citation: RELVA, Inês Moura de Sousa Carvalho - Violência entre irmãos. Coimbra : [s.n.], 2013. Tese de doutoramento
Project: info:eu-repo/grantAgreement/FCT/SFRH/SFRH/BD/36439/2007/PT/MAUS TRATOS ENTRE IRMÃOS 
Abstract: É habitualmente na família que se estabelecem as primeiras relações. Caso existam, os irmãos1 funcionam como “o primeiro laboratório social, no qual as crianças podem experimentar as relações com os iguais” (Minuchin, 1990, p. 63). O estudo da fratria conhece atualmente um interesse renovado, justamente porque a “relação entre os irmãos é a mais duradoira das relações… mesmo mais longa do que a relação com os pais” (Bank & Kahn, 1997, p. xv). Se à relação entre irmãos se associam, geralmente, os conceitos de fraterno e de fraternidade, que lembram afetos positivos, associa-se também o de fratricídio, que remete para o crime primordial da história da Humanidade (entre os irmãos bíblicos Caim e Abel) e que revela o cúmulo dos afetos negativos entre irmãos. À visão idílica da família contrapõem-se inúmeros relatos de medo e terror causados pela violência no seu interior, quer seja violência conjugal, parental ou sobre os idosos. A violência entre os irmãos, embora considerada na literatura da especialidade como a forma mais prevalente de violência em contexto familiar (e.g., Eriksen & Jensen, 2006, 2009; Straus, Gelles, & Steinmetz, 1980), é habitualmente silenciada, normalizada e considerada como simples rivalidade. O objetivo desta investigação é contribuir para um maior conhecimento deste fenómeno, procurando, em concreto: 1) estimar a prevalência dos vários tipos de violência (psicológica, física e sexual) entre irmãos, tal como é percebida por sujeitos adultos reportando-se à idade dos 13 anos, 2) identificar os comportamentos abusivos/formas de vitimização mais frequentes, por género, 3) avaliar a perceção das vítimas quanto a esses comportamentos e 4) explorar os fatores do meio familiar associados à violência entre os irmãos. Para tal, recolheu-se uma amostra de aproximadamente 600 estudantes universitários e utilizou-se a seguinte bateria de instrumentos: uma versão modificada das Revised Conflict Tactics Scales (versões violência pais-filhos, violência interparental e namorados) as Revised Conflict Tactics Scales - SP (versão irmãos) e a Self-Labelling of Personally Experienced Violence. Os resultados foram no sentido de a violência entre irmãos ser altamente prevalente no início da adolescência, nomeadamente os tipos psicológico e físico sem sequelas, e sobretudo para os elementos do sexo masculino. Na composição das fratrias, o género e as idades aproximadas são os fatores que mais parecem contribuir para a ocorrência deste fenómeno. Relativamente ao segundo objetivo, os resultados indicaram que para a violência psicológica, quer perpetrada quer sofrida, os comportamentos mais comuns, independentemente do género, foram os insultos, os gritos e as provocações. No que diz respeito à violência física, foram os rapazes que, mais frequentemente, recorreram a condutas que tiveram, ou não, sequelas no irmão/irmã. Curiosamente, os rapazes foram também os mais vitimizados fisicamente. Finalmente, a ocorrência de diversos comportamentos sexualmente abusivos, quer na forma sofrida quer na forma perpetrada, foi igualmente mais frequente nos irmãos do sexo masculino. No que diz respeito à percepção da violência pelos sujeitos, o grupo que sofreu todas as formas de vitimização (Psicológica + Física + Sexual) atribui, de forma significativa, os incidentes à “rivalidade entre irmãos”, comparativamente com os jovens que só sofreram um ou dois tipos de vitimização. Estes resultados vão de encontro ao que a sociedade e pais em geral aceitam e consideram como sendo a forma “natural” de resolução de conflitos entre os irmãos. Finalmente, quando explorada a coocorrência das diferentes formas de violência familiar e os fatores capazes de contribuir para a violência entre irmãos, a partir da análise de regressões hierárquicas, verificou-se que é o género dos irmãos e a existência de violência pais-filhos que parecem influenciar a ocorrência deste fenómeno, tão estranhamente desconhecido em Portugal.
Early relationships are usually established within the family. If there are any siblings2, they serve as "the first social laboratory in which children can experience relationships with peers" (Minuchin, 1990, p. 63). There has been a renewed interest in the study of phratry, precisely because the "relationship between siblings is the most lasting relationship ... even longer than the relationship with parents" (Bank & Kahn, 1997, p. xv). Even though the relationship between siblings is generally associated with the positive notions of brotherhood and fraternity, it can also be associated with fratricide, one of the primordial crimes of human history (between the biblical brothers Cain and Abel), revealing the epitome of negative feelings between siblings. The idyllic vision of the family is contrasted with the numerous accounts of fear and terror caused by violence within the family, whether it is domestic, parental or against the elderly. Although sibling violence is considered in the literature to be the predominant form of violence within the family context (e.g., Eriksen & Jensen, 2006, 2009; Straus, Gelles, & Steinmetz, 1980), it is usually silenced, normalized and treated as simple rivalry. The aim of this study is to contribute to a better understanding of this phenomenon, by attempting to do the following: 1) to estimate the prevalence of different types of violence (psychological, physical and sexual) among siblings, as reported by adults reflecting on their 13-year-old selves; 2) to identify common abusive behaviors / forms of victimization, according to gender; 3) to evaluate the victim’s perception of these behaviors and 4) to analyze the factors related to family environment that are associated with sibling violence. Information was gathered from a sample of 600 college students, which was then analyzed through a range of instruments, such as: a modified version of the Revised Conflict Tactics Scales (parent-child violence, interparental violence and dating versions), the Revised Conflict Tactics Scales - SP (sibling version) and the Self-Labelling of Personally Experienced Violence. The results show a strong tendency for violence between siblings in early adolescence, especially among males. Both psychological and physical types of violence without injury were common. In terms of how phratries are formed, gender and approximate ages are the factors that seem to contribute to the occurrence of this phenomenon. Regarding the second aim, the results indicate that the most common behaviors for psychological violence, whether perpetrated or suffered, regardless of gender, were insults, shouts and taunts. With regards to physical violence, boys more often resorted to behavior that might or might not have affected their brother / sister. Interestingly, boys were also more likely to be victims of physical violence. Finally, the occurrence of sexually abusive behavior, whether inflicted or suffered, was also more frequent among male siblings. Regarding the subjects’ perception of the violence, the group who suffered all forms of victimization (Physical + Psychological + Sexual) attributed the incidents primarily to "sibling rivalry", compared to those who only suffered one or two types of victimization. These results match the generally accepted notion that society and parents share and consider to be the "natural" form of conflict resolution between brothers. Finally, after exploring the co-occurrence of different forms of family violence and attempting to understand the factors contributing to sibling violence, hierarchical regressions showed that sibling gender and the existence of parent-child violence seem to be the main factors which influence this phenomenon. Strangely, very little is known about it in Portugal.
C'est en général dans la famille que s'établissent les premières relations. Les frères et les soeurs fonctionnent comme «le premier laboratoire social où les enfants peuvent vivre des relations avec les pairs» (Minuchin, 1990, p. 63). L'étude de la fratrie connaît maintenant un regain d'intérêt, et précisément parce que la «relation entre les frères et les soeurs est la relation la plus durable ... même plus que la relation avec les parents» (Bank & Kahn, 1997, p. xv). Habituellement, on associe la relation entre frères et soeurs à l’idée de fraternel et de fraternité, qui ressemblent à des affects positifs, mais aussi à l’idée de fratricide, c’est à dire au crime primordial de l'histoire de l'humanité (entre les frères bibliques Caïn et Abel) ce qui révèle le pôle plus négatif des relations fraternelles. La vision idyllique de la famille contraste avec de nombreux rapports de peur et de terreurs causées par la violence familiale, soit la violence conjugale, soit la violence des parents envers leurs enfants ou la violence envers les personnes âgées. La violence entre frères et soeurs, bien que considérée dans la littérature comme la forme la plus répandue de la violence dans le cadre familial (par exemple, Eriksen & Jensen, 2006, 2009; Straus, Gelles, & Steinmetz, 1980), est généralement silenciée, normalisée et considérée comme simple rivalité. Le but de cette recherche est de contribuer à une meilleure compréhension de ce phénomène, en particulier: 1) d’estimer la prévalence des différents types de violence (psychologique, physique et sexuelle) entre frères et soeurs, 2) d’identifier les comportements abusifs/formes de victimisation plus fréquentes selon le sexe, 3) d’évaluer la perception des victimes a propos de ces comportements et 4) identifier les facteurs familiales liés à la violence entre frères et soeurs. On a recueilli un échantillon de 600 étudiants universitaires et on a utilisé le protocole suivant: une version modifiée des Revised Conflict Tactics Scales (échelles de la violence parent-enfant, de la violence interparentale et de la violence dans les relations entre partenaires amoureux), les Revised Conflict Tactics Scales - SP (échelles de la violence entre frères et soeurs) et le Self-Labelling of Personally Experienced Violence. Les résultats ont montré que la violence entre frères et soeurs est très répandue dans l'adolescence, y compris les types de violence psychologique et physique sans séquelles, et en particulier pour les garçons. Dans la composition des fratries, le sexe et l’âge sont les facteurs qui semblent contribuer davantage pour l'apparition de ce phénomène. En ce qui concerne le second objectif, les résultats ont montré que pour la violence psychologique, qu'elle soit perpétrée ou subie, les comportements les plus communs, quelque soit le sexe, sont les insultes, les cris et les railleries. En ce qui concerne la violence physique, ce sont les garçons qui font le plus souvent recours à ces comportements, ayant ou non des séquelles pour le frère/soeur. Ce sont aussi les garçons qui ont été plus victimes de la violence physique fraternelle. Plusieurs comportements sexuels abusifs, que ce soit dans la forme subie ou perpétrée, ont été également plus fréquents chez les frères. En ce qui concerne la perception de la violence, le groupe qui a subi toutes les formes de victimisation (physique + psychologique + sexuelle) a envisagé, de façon significative, ces incidents comme «rivalité fraternelle», en comparaison avec les jeunes qui on été seulement vicimes d'un ou deux types de violence. Ces résultats soulignent l’idée répandue dans la société, et aussi la vision des parents qui acceptent la violence comme la résolution "naturelle" des conflits entre les frères et soeurs. Lorsqu’on a étudié la co-occurrence des différentes formes de violence familiale et qu’on a essayé de comprendre les facteurs qui étaient capables de contribuer pour la violence entre frères et soeurs, en utilisant des régressions hiérarchiques, on a vérifié que le sexe et l'existence de violence entre les parents et les enfants semblent influencer ce phénomène, si étrangement pas connu au Portugal.
Description: Tese de doutoramento em Psicologia, especialidade de Psicologia Forense, apresentada à Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/23808
Rights: embargoedAccess
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