Pandemias, educação e vigilância moral: reflexões sobre relações não monogâmicas em crises de saúde

Abstract

Este estudo, situado no contexto geográfico do Brasil e no período moldado pela pandemia de Covid-19, explora o imperativo cultural da monogamia na legislação, nas campanhas educativas e nas políticas de ordem pública. O objetivo central é argumentar que durante a crise pandêmica, a monogamia viu-se intensificada como um princípio para a organização do campo da sexualidade e das relações de parentesco. Além disso, pretende ser uma contribuição para a compreensão de algumas das formas em que as normas excecionais, implementadas em momentos de crise, sedimentam como elementos constitutivos da ordem pública.

This study, located in the geographical context of Brazil and within the period shaped by the Covid-19 pandemic, explores the cultural imperative of monogamy in legislation, educational campaigns, and public policy. The central objective is to argue that during the pandemic crisis monogamy became intensified as a principle for organizing the field of sexuality and kinship relations. Furthermore, it aims to contribute to the understanding of some of the ways in which exceptional norms, implemented in moments of crisis, solidify as constituent elements of public order.