O corpo como caminho de sensibilização para a literatura; a literatura como caminho de sensibilização do ser.

Abstract

The present study arises in an attempt to respond to an ever-increasing concern as to the teaching of literature. Considering that human formation can be reshaped through contact with the literary, we start from two principles: 1) that literature being a subjective creation, depends on a didatic broaching that worthies this very same subjective characteristic, in a way the subject can effectively appropriate it. 2) that the body, strongly influenced by the subjectivities of the being, can point to paths of subjectivation of the literary.Believing that literature has a transformative potential in the world, what clearly depends on a contact – deep, and only this way, genuine – for the for the action to take place, it may be necessary to give back to literature its subjectivation place – which we defend as fundamental in the school context. In fact, the contact with the literary text often arises mediated by objective views strictly focused on verifying results. To prioritize what affects life – including the literary aspect – seems fundamental in any educational system that aims at shaping the human being. In this sense, attempting to engage students closer to literary texts through bodily experiences is to believe in a path that delves into the myriad of experiences which gather us in our human condition, and which the literary word, in its unique way, brings to the world.The work presented here proposes an approach to the literary text in the classroom, capable of promoting na encounter with literature involved by students´perceptions which are part of their sensations, memories and experiences. When compared to conventional, its differential points out to an experimenting of literature through a closer contact with the literary word. In this way, instead of an abstract literature, of authors´names and works associated with historical periods, we wish to touch the literary word, alive in its senses, that is capable of evoking in subjects who are also alive in their knowledge, present in their bodies, in permanent movement.

O presente estudo surge na tentativa de responder a uma crescente inquietação diante do ensino da literatura. Considerando que a formação humana pode se redimensionar por meio do contato com o literário, partimos de dois princípios: 1) de que a literatura, sendo criação subjetiva, depende de uma abordagem didática que valorize esse mesmo caráter de subjetividade, de modo que o sujeito possa efetivamente apropriar-se dela; 2) de que o corpo, fortemente influenciado pelas subjetividades do ser, pode apontar caminhos de subjetivação do literário. Acreditando que a literatura possui um potencial transformador do mundo, o que depende evidentemente de um contato – profundo, e só assim real – para que a ação ocorra, pode ser necessário devolver à disciplina de literatura seu lugar de subjetivação – que defendemos como fundamental em contexto escolar. De fato, muitas vezes o contato com o texto literário surge mediado por visões objetivas estritamente orientadas para a verificação de resultados. E, no entanto, privilegiar o que toca a vida – de que faz parte o literário – parece fundamental em qualquer sistema de ensino que se pretenda formador do humano.Nesse sentido, tentar aproximar o estudante dos textos literários por meio da experimentação corporal é apostar num caminho de mergulho nas tantas vivências que nos unem na condição humana e que a palavra literária, de seu modo particular, traz ao mundo. O trabalho aqui apresentado propõe uma abordagem do texto literário em sala de aula capaz de promover um encontro com a literatura envolvido pelas percepções dos estudantes – de que faz parte suas sensações, suas memórias, suas vivências. Seu diferencial aponta, quando comparado às abordagens convencionais, para uma experimentação da literatura por meio de um contato mais próximo com a palavra literária. Desse modo, em vez de uma literatura abstrata, de nomes de autores e de obras associados a períodos históricos, desejamos tocar a palavra literária viva dos sentidos que é capaz de evocar em sujeitos também vivos em seus saberes, presentes em seus corpos em permanente movimento.