Assessment of Nutritional Status and Dietary Intake of Institutionalized Older Adults: A multidisciplinary approach in a population of residents in Viseu (center of Portugal)

Abstract

A população idosa em Portugal, em 2021, representava 23,4% de toda a população e as projeções apontam para um aumento neste número, sendo a Região Centro uma das áreas mais envelhecidas. A má nutrição causada por excesso ou deficiência de nutrientes é uma condição que afeta os idosos de forma alarmante, principalmente aqueles que vivem em lares. Até ao momento, os estudos publicados que caracterizam o estado nutricional e a dieta de idosos institucionalizados são escassos. Assim, é imperativo retratar a situação atual para potenciar a implementação de medidas adequadas de combate à má nutrição e prevenir estas situações no futuro, melhorando a qualidade de vida. Assim, esta tese de doutoramento teve como principal objetivo avaliar o estado nutricional e o consumo alimentar de idosos institucionalizados em Portugal (concelho de Viseu), tendo sido feita uma abordagem multidisciplinar destes mesmos idosos.A revisão sistemática, realizada no âmbito deste trabalho de doutoramento, revelou que um melhor estado nutricional está correlacionado com uma melhoria das capacidades funcionais e cognitivas. Neste trabalho estiveram envolvidos 214 participantes, com uma média de idades de 82,3±6,1 anos, sendo 72% do sexo feminino. A maioria apresentava baixa escolaridade (94,8%) e eram viúvos, separados ou divorciados (74,3%). A aplicação do Mini Nutritional Assessment (MNA) mostrou que 28% da população idosa estudada estava em risco de má nutrição e 57,9% apresentavam excesso de peso (de acordo com o Índice de Massa Corporal – IMC). A má nutrição estava relacionada com um défice de ingestão energética total e de nutrientes sendo as mulheres as mais afetadas. Verificou-se que 75,2% dos idosos apresentaram uma ingestão de proteínas desadequada (39,7% abaixo das recomendações). Também a ingestão de lípidos se revelou desajustada em 30,3%, com 19,6% dos idosos apresentando consumo excessivo. Já relativamente à ingestão dos hidratos de carbono, a maioria (66,8%) está dentro das recomendações. Uma diferença estatisticamente significativa (p<0,05) foi encontrada quando se comparou a ingestão energética das mulheres com risco de má nutrição com as que apresentavam estado nutricional normal (1621,2±326,0Kcal/dia vs 1747,3±294,5Kcal/dia, respetivamente). As mulheres sob risco de desnutrição também apresentaram menor ingestão de proteínas, lípidos, fibras, água, tiamina, ácido fólico, vitamina B12, ácido ascórbico, magnésio, zinco, sódio, potássio e fósforo (p<0,005).Em média, os homens apresentaram perímetro abdominal superior ao das mulheres (101,9±10,0 cm vs 94,6±10,5 cm). Os valores do IMC variaram de 16,0 kg/m2 a 43,3 kg/m2, com 7,5% dos indivíduos abaixo do peso (IMC <22 kg/m2) e 57,9% acima do peso (IMC >27 kg/m2). Os valores do Índice de Barthel (IB) indicaram que a maioria dos participantes no estudo (69,6%) era minimamente dependente nas atividades da vida diária. Um total de 84 (39,3%) participantes apresentou défice cognitivo, com base no Mini-Exame do Estado Mental (MEEM). Foi possível demonstrar que o risco de má nutrição (avaliado pelo MNA) está relacionado com menores capacidades funcionais e mentais (segundo o IB e o MEEM) (p<0,001). Este estudo também destacou que o IMC se correlacionou com o risco nutricional (avaliado segundo o MNA) (r=0,28, p<0,001), demonstrando-se a importância da utilização conjunta do IMC e do MNA para a correta avaliação nutricional do adulto mais velho. Este trabalho demonstrou, ainda, que os idosos com maiores níveis de dependência também apresentaram maior probabilidade de défice cognitivo (r=0,35, p<0,0001). A polifarmácia e a medicação potencialmente inapropriada (MPI) também são preocupações entre os idosos. Os participantes no estudo tomaram, em média, 7,6±3,3 medicamentos por dia. A polifarmácia foi identificada em 97,9% dos idosos, dos quais 80,8% tomavam 5 ou mais medicamentos por dia e 79,3% dos participantes apresentaram pelo menos uma MPI. Os idosos que tomavam cinco ou mais fármacos por dia ou que tomavam fármacos do foro psiquiátrico, gastrointestinal ou antidiabéticos orais (independentemente de serem considerados potencialmente inapropriados ou não) apresentaram uma maior probabilidade de apresentarem défice cognitivo (p<0,05). Em conclusão, foi possível destacar que uma avaliação do estado nutricional e de ingestão alimentar dos idosos institucionalizados é essencial para preservar a sua saúde e qualidade de vida; que programas de intervenção multidimensionais devem ser priorizados, dada a inter-relação que podemos verificar entre o estado nutricional, o estado cognitivo, autonomia e independência dos idosos, especialmente os institucionalizados; que devem ser consideradas intervenções não-farmacológicas de modo a atingir níveis mais elevados de independência e autonomia; e que uma estratégia global destinada a controlar as perturbações do bem-estar deve incluir a avaliação regular e individualizada dos riscos de desnutrição e seu o diagnóstico precoce.

Elderly population in Portugal, in 2021, represented 23.4% of all Portuguese population and this number is foreseen to increase, been the Center Region one of the most aged areas. Malnutrition either caused by excess or deficiency of nutrients is an alarming condition that affects older adults, especially those living in nursing homes. To date, the number of published studies that characterize institutionalized elderly nutritional status and diet are scarce. Therefore, it is imperative to picture the current situation to potentiate the implementation of adequate measures to combat malnutrition and to further prevent these situations, improving seniors’ quality of life. Thus, this doctoral thesis aimed to assess the nutritional status and dietary intake of institutionalized older adults in Portugal, more specifically in the municipality of Viseu, taking in consideration a multidisciplinary approach. A systematic review written in the scope of this doctoral work unveiled that better nutritional status is correlated with improved functional and cognitive abilities. Our study had 214 homecare participants, with 82.3±6.1 years-old, and 72% were female. Most of them presented a low educational level (94.8%) and were widowed, separated or divorced (74.3%). This work revealed that 28% of the studied institutionalized population were at risk of malnutrition, according to Mini Nutritional Assessment – MNA and 57.9% were overweight (according to Body Mass Index – BMI). This reality was related to a deficit of energy and nutrient intake being women the most affected. 75.2% of older adults had inadequate intake of protein (39.7% below recommendations) and 30.3% had inadequate intake of fat (19.6% by excess). Carbohydrates presented an intake of 66.8% according to recommendations. A statistically significant difference (p<0.05) in energy intake was found between women at risk of malnutrition and those with a normal nutritional status (1621.2±326.0Kcal/day vs 1747.3±294.5Kcal/day, respectively). Women at risk of malnutrition also had lower ingestion of protein, lipids, fiber, water, thiamine, folic acid, vitamin B12, ascorbic acid, magnesium, zinc, sodium, potassium and phosphorus (p<0.005).On average, men had a higher waist circumference (WC) than women (101.9±10.0 cm vs 94.6±10.5 cm), but there were no significant differences between men and women in the percentages of participants with WC above the risk cut-offs (102 cm for men and 99 cm for women). Body Mass Index (BMI) values ranged from 16.0 kg/m2 to 43.3 kg/m2 with 7.5% of the subjects being underweight (BMI <22 kg/m2) and 57.9% were overweight (BMI >27 kg/m2). Barthel Index (BI) scores indicated that most patients (69.6%) were minimally dependent on activity of daily living (ADL). A total of 84 (39.3%) participants presented cognitive impairment through the Mini-Mental State Examination (MMSE) screening. The risk of malnutrition (based on MNA scores) was correlated with lower functional and mental abilities (based on BI and MMSE scores) (p<0.001). This study also stressed that Body Mass Index (BMI), an indicator of nutritional status, was correlated with nutritional risk (based on MNA scores) (r=0.28, p<0.001), demonstrating the importance of using both BMI and MNA for nutritional evaluation of elderly. Of note, elderly with higher dependency levels also had a higher probability of cognitive impairment (r=0.35, p<0.0001).Polypharmacy and potentially inappropriate medication (PIM) are also concerns among elderly people especially in the institutionalized ones. The participants were found to take 7.6±3.3 drugs per day (average ± standard deviation). Polypharmacy was identified in 97.9% of the elderly, 80.8% of which were taking 5 or more medications per day. 79.3% of the participants presented at least one PIM. Besides, our systematic review identified an important gap in data that associates polypharmacy indexes in the Portuguese population with other pillars of general health. This investigation found that patients taking five or more prescription drugs per day (major polypharmacy) or consuming any psychiatric, gastrointestinal, or oral antidiabetic agents (regardless of whether they were considered potentially inappropriate or not) had higher odds of displaying cognitive impairment than those who did not (p<0.05).So, with our study, it was possible to highlight that nutritional status evaluation and dietary intake were crucial to health preservation and the maintenance life quality; multidimensional intervention programs should be prioritized, given the relationship shown between nutritional status, mental state, independency and autonomy of older adults, specially institutionalized elderly; non-pharmacological interventions should be considered to obtain more independency and autonomy; and a global strategy to control perturbations in well-being should include a regular and individualized evaluation of risks of malnutrition and its early diagnosis.