Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/113232
Title: Para uma conceptualização evolucionista de Saúde Mental
Authors: Urbano, Pedro Manuel Malaquias Pires 
Issue Date: 2018
Serial title, monograph or event: Estudos do Século XX
Issue: 19
Abstract: O problema epistemológico do crité- rio de demarcação (entre o que é e o que não é doença mental) constitui um dos problemas fundamentais da Psicopatologia. Ao longo dos tempos foram-se sucedendo sucessivas formas de conceptualizar a doença mental, desde a tradição sobrenatural até ao manual DSM, que se impôs a nível mundial como a classificação oficial dos transtornos psiquiátricos. Todavia, nenhuma forma se revelou verdadeiramente satisfatória para a discriminação de tais transtornos. Nem sequer o DSM, espécie de glossário baseado em consensos validados estatisticamente, que traduz a liderança do pragmatismo norte- -americano sobre a Psiquiatria e a Psicologia e que parte de pressupostos discutíveis, em particular a assunção de que as suas diferentes entidades de diagnóstico possuem uma realidade subjacente natural e universal. Este artigo propõe prosseguir a via compreensiva (não apenas descritiva) iniciada por Karl Jaspers, agora numa perspectiva evolucionista. Procurando conhecer melhor o funcionamento natural dos mecanismos psicológicos, tais como foram «programados» ou «desenha- dos» pela Evolução; procurando conhecer igualmente as condições ambientais que fazem disparar tais mecanismos de forma disfuncional; e incorporando os valores culturais que definem que comportamentos desviantes são considerados doença mental. A conceptualização aqui proposta visa uma solução para o problema do critério de demar- cação, buscando explicações mais adequadas para a compreensão dos fenómenos psiquiátricos.
The epistemological problem of the demarcation criterion (between what is and what is not a mental illness) is one of the fundamental problems of Psychopathology. Throughout the ages, various conceptualizations of mental illness succeeded each other, from the supernatural tradition up to the ubiquitous DSM, nowadays worldwide imposed as the official classification of psychiatric disorders. However, no conceptualization has (so far) been truly satisfactory for the discrimination of such disorders. Not even the DSM, a kind of glos- sary built on statistically validated consensus, which marks the supre- macy (or even the hegemony) of American pragmatism over Psychia- try and Psychology, and which is founded on debatable assumptions, in particularly the assumption that the different diagnostic entities it defines have a natural and universal underlying reality. This article proposes to con- tinue the journey initiated by Karl Jaspers, regarding the understanding (and not the mere description) of the phenomena in question, now in an evolutionary perspective. Seeking to know better the natural functioning of psychological mecha- nisms, such as they were ‘designed by Evolution’; seeking also to know the environmental conditions that trigger such mechanisms in a dys- functional way; and incorporating cultural values that define deviant behavior as mental illness. Thus seeking a solution to the problem of the demarcation criterion and much more adequate explanations for the understanding of psychiatric phenomena.
Le problème épistémologique du critère de démarcation (entre ce qui est et ce qui n’est pas une maladie mentale) est l’un des problèmes fon- damentaux de la psychopathologie. À travers les âges, diverses conceptuali- sations de la maladie mentale se sont succédées, de la tradition surnaturelle au très répandu DSM, aujourd’hui mondialement imposé comme la classification officielle des troubles psychiatriques. Cependant, aucune conceptualisation n’a (jusqu’à pré- sent) été réellement satisfaisante pour la discrimination de tels troubles. Pas même le DSM, cette sorte de glossaire construit sur des consensus statistiquement validés, qui marque la suprématie (voire l’hégémonie) du pragmatisme américain sur la Psychiatrie et la Psychologie, et qui repose sur des hypothèses discutables, en particulier sur la supposition que les différentes entités de diagnostic qu’il définit ont une réalité sous- -jacente naturelle et universelle. Cet article propose de suivre la voie tracée par Karl Jaspers, concer- nant la compréhension (et non la sim- ple description) des troubles psychi- ques, désormais dans une perspective évolutionniste. Cherchant à mieux connaître le fonctionnement naturel des mécanismes psychologiques, tels qu’ils ont été conçus par l’Évolution; cherchant également à connaître les conditions environnementales qui déclenchent ces mécanismes de ma- nière dysfonctionnelle; et incorporer les valeurs culturelles qui définissent le comportement déviant comme une maladie mentale. Cherchant ainsi une solution au problème du critère de démarcation et des explications bien plus adéquates pour la compréhen- sion des phénomènes psychiatriques.
URI: https://hdl.handle.net/10316/113232
ISSN: 1647-8622
1645-3530
DOI: 10.14195/1647-8622_19_5
Rights: openAccess
Appears in Collections:I&D CEIS20 - Artigos em Revistas Nacionais

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