Metodologias Diretivas e de Descoberta no Ensino-Aprendizagem da História. Estudo com Professores e alunos do Ensino Básico e Secundário.

Abstract

As situações de ensino-aprendizagem sejam diretivas ou ativas implicam orientações, facilitando a aquisição de conhecimentos mais ou menos complexos. Defensores da instrução explícita e do ensino pela descoberta concordam com a necessidade destas orientações, sugerindo que os atuais estudos educativos explorem as mais adequadas aos referidos métodos. O presente estudo tem por objetivos conhecer as perceções e crenças dos docentes de História sobre estas metodologias, os fatores que consideram determinantes para as suas práticas, o valor atribuído ao conhecimento e o ensino da sua disciplina. Procuram-se as linhas orientadoras do trabalho dos professores e os recursos por eles utilizados para o processamento, retenção e transferência da informação. Interessam-nos os procedimentos utilizados pelos docentes cujos alunos atingem níveis elevados de sucesso nas suas aprendizagens. E as razões por que optam em determinados momentos por métodos mais ou menos diretivos para garantir um ensino de mestria. No que se refere a teorias psicológicas com influência na educação serão referenciadas as comportamentalistas (ensino explícito) e as construtivistas (aprendizagem pela descoberta) que identificam, respetivamente, os chamados métodos diretivos e não diretivos. Destacam-se as estruturas cognitivas na construção do conhecimento, salientando-se as funções da memória de trabalho e a longo prazo e, suas relações, com a Teoria da Carga Cognitiva. Através de uma fundamentação empírica, apoiada numa metodologia mista, analisam-se procedimentos de instrução explícita e ensino pela descoberta, numa área do conhecimento sem estudos conhecidos publicados. Aponta-se ainda a relevância desta investigação para a política educativa, na procura de estruturação de um ensino de qualidade e melhores práticas profissionais. Os trabalhos inerentes ao desenvolvimento desta dissertação foram realizados entre 2017 e 2021, tendo-se ficado a conhecer as opiniões e teorias implícitas dos professores da amostra sobre o ensino da História, a eficácia dos métodos de ensino explícito e por descoberta e o modo como os utilizam na sala de aula. Numa primeira fase (2017-18), a investigação quantitativa foi conduzida através de questionário, registando-se a participação de quatrocentos e vinte e um docentes. Numa segunda fase (2018-19), correspondente a um estudo de caso, realizámos uma observação naturalista de aulas, seguindo-se uma investigação de inquérito por entrevista. Este último estudo, de natureza descritiva com uma abordagem qualitativa partiu de dois casos, dois professores, identificados como sendo defensores, respetivamente, de metodologias mais construtivistas e mais diretivas. O plano de investigação teve por principal objetivo confirmar se as suas opiniões iniciais, correspondiam aos seus atuais discursos e práticas de docência. Os resultados do estudo quantitativo demonstraram que os professores teoricamente valorizam os métodos ativos e o valor do conhecimento nas suas práticas letivas. Em início de carreira tendem a perceber-se como mais diretivos. A partir do momento em que o seu saber especializado está consolidado, ou seja, por volta dos 24 anos de serviço efetivo, defendem a utilização de metodologias menos diretivas. O mesmo acontece com os professores com maiores graus académicos que se consideram menos diretivos. Os resultados do estudo qualitativo mostraram que os professores teoricamente valorizam os métodos não diretivos e a autonomia dos alunos. Porém, na sala de aula utilizam abordagens mais diretivas porque assumem de modo sistemático e quase permanente a orientação do processo de ensino-aprendizagem. Através de um ensino explícito interativo e práticas ativas de descoberta (guiada) garantem o desenvolvimento de competências analíticas, sociais e de pensamento crítico pelos alunos.

Teaching-learning situations, whether directive or active, involve orientations, facilitating the acquisition of complex knowledge. Advocates of explicit instruction and teaching through discovery agree on the need for these orientations, suggesting that current educational studies explore the most appropriate ones for these methods. This study aims to understand the perceptions of History teachers about these methodologies, factors that are considered decisive in their teaching practices and the value assigned to knowledge. Guidelines are sought in teaching approach and the resources used for processing, withholding, and transferring information; focusing on procedures used by teachers whose students achieve high levels of success and the reasons for choosing, at a given moment, more or less directive methods to ensure proficient teaching. Regarding the psychological theories which framed education, behaviourist (explicit teaching) and constructivist (learning through discovery) theories will be referenced, which identify, respectively, the so-called directive and non-directive methods. Cognitive outlines in the construction of knowledge are highlighted; accentuating work’s long-term memory and their relationships with the Cognitive Load Theory. Through empirical underpinnings, sustained by mixed methodology, procedures of explicit instruction and teaching by discovery are analysed, in an area of knowledge with no known published studies. The relevance of this investigation also points to educational policies, in search of structured quality teaching and improved professional practices. The development of this dissertation was carried out between 2017 and 2021, with participant History teachers laying out their opinions on the effectiveness of explicit and discovery teaching methods and how they are used in classroom context. In a first phase (2017-18), quantitative research was conducted through a questionnaire, with four hundred and twenty-one teachers participating. In a second phase (2018-19), resulting in a case study, naturalistic classroom observation was conducted, followed by interviews. This last study, descriptive and with a qualitative approach stemmed from two cases, two teachers, identified as being advocates, respectively, of more constructivist and more directive methodologies. The main goal was to confirm whether their initial opinions corresponded to their current discourses and teaching practices. The findings from the quantitative study showed that teachers theoretically value active methods and the value of knowledge in their teaching practices. At the beginning of their careers, they tend to perceive themselves as more directive. Once their knowledge is strengthen, i.e., having been teaching for 24 years of, they advocate the use of less directive methodologies. The same is true for teachers with higher academic degrees who consider themselves less directive. The findings of the qualitative study showed that teachers theoretically value non-directive methods and student autonomy. However, in classroom context, more directive approaches are used, as learning processes are systematically and enduringly conduct by teachers. Through interactive explicit teaching and active (guided) discovery practices, they ensure the development of analytical, social, and critical thinking skills by students.