Arquivos, bibliotecas e museus ou a memória do mundo: análise diacrónica, filológica e conceptual

Abstract

Instituições de preservação e acesso ao conhecimento, os arquivos, bibliotecas e museus apresentam-se como fundamentais nas sociedades desde os tempos mais remotos. Apesar de terem iniciado a sua génese como espaços de interesse sobretudo administrativo e governamental, viram o seu desenvolvimento, acompanhado com as constantes transformações ocorridas tanto a nível político, social e cultural das sociedades onde estavam inseridas, culminar com a democratização do conhecimento e com a sua transformação em monumentos de memória. De facto, consideramos que a história destas instituições de memória não pode ser dissociadas da própria História, já que é esta que condiciona a sua existência e finalidade, organização e métodos de conservação dos registos e objectos dentro dos seus espaços. Aliada a estas questões, está a própria criação e desenvolvimento da escrita que contribuiu para a fixação de registos das civilizações. A passagem de um comportamento oral para um escrito, assim como da evolução dos próprios suportes de escrita, traduziram-se de extrema importância e trouxe com ele modificações no seio dessas instituições. O nosso estudo procura proceder a uma análise diacrónica, filológica e conceptual dos arquivos, bibliotecas e museus, abrangendo um período temporal que vai desde o IV e III milénios a.C. até ao séc. XVIII, onde se pretende através da análise destes campos demonstrar as evoluções, similitudes e diferenças entre eles, assim como no que respeita aos seus conceitos e terminologias, marcando prementemente a premissa de que os conceitos não são produtos fechados em si mesmos, mas que surgem resultantes de um dinamismo orientado num contexto temporal e contextual. Apresentamos, também, a primeira tradução do grego para português dos fragmentos dos Pinakes de Calímaco, juntamente com dois quadros terminológicos, um relativo às designações dadas às instituições ao longo dos tempos, nas várias épocas, e dos seus funcionários. Incluímos um glossário de termos que pretende contribuir para uma maior clarificação dos conceitos apresentados ao longo do trabalho.

Since the most ancient times, institutions of preservation and access to knowledge, like archives, libraries and museums, have been fundamental in societies. Despite their beginning as places of administrative and governmental interest, they excelled at knowledge democratization and its transformation in memorial monuments, having followed the constant transformations in politics, society and culture. We consider that the history of such institutions cannot be dissociated from the History itself: it is History that determines their existence and goal, their organization and preservation methods of records and objects within their places. Connected to these questions are the creation and development of writing, which contributed to fixate records of many civilizations. To have gone from oral to written behavior through the evolution of the writing media turned out to be of extremely importance, and brought modifications within those institutions. Our study seeks to analyze diachronically, philologically and conceptually archives, libraries and museums, through a time lapse from the IV millennia B. C. to the XVIII century A. D., aiming to prove evolutions, resemblances and differences between them, including each one’s concepts and terminology. We therefore state that concepts are not closed products, but emerge from temporal and contextual dynamics. We also present the first Greek-Portuguese version of Callimachus’ Pinakes, with two terminological frames: one for the designations gave to institutions in different periods, and one for the employees. We have included a glossary in order to contribute to a larger clarification of the concepts that are presented throughout this study.