GESTÃO DE DADOS DE INVESTIGAÇÃO: ARTICULAÇÕES E PRÁTICAS PARA A PARTILHA DOS DADOS NA UNIVERSIDADE

Abstract

São evidentes a importância e o valor que os dados de investigação produzidos nas universidades possuem como fonte de recursos para a ciência e para a sociedade, potencializados quando adequadamente geridos e partilhados. A gestão de dados de investigação – RDM (Research Data Management) é uma preocupação para as universidades, particularmente por se tratar de um ambiente complexo e heterogêneo onde os dados podem ser invisibilizados e fragmentados por investigações díspares, com uma gama multidisciplinar de elementos humanos e não humanos, que tendem a realizar práticas isoladas. Portanto necessita-se de cooperação, articulação e coordenação. Esta tese teve como objetivo propor um modelo para a RDM que possibilita uma partilha adequada dos dados, tendo por base a articulação dos atores e o uso de práticas essenciais para a gestão, no ambiente da universidade. Sob um viés exploratório e uma abordagem qualitativa, a coleta dos dados foi realizada por intermédio de entrevistas no universo das Unidades de Investigação e Desenvolvimento (UI&D) da Universidade de Coimbra (UC), tendo como base amostral os investigadores. Além da coleta empírica, realizou-se uma análise da literatura da Ciência Aberta, da Teoria da Atividade e de nove modelos de ciclos de vida, para que o ambiente da RDM na universidade fosse contextualizado; uma partilha adequada dos dados fosse caracterizada; as práticas essenciais para gestão identificadas; uma forma de articulação dos atores estabelecida; e, o nexo teórico proposto. Como principal resultado da investigação, apresenta-se o modelo para a RDM nas UI&D da UC. Neste modelo os dados são geridos na perspectiva da articulação dos atores e das práticas essenciais de gestão, ambas direcionadas à uma partilha adequada dos dados, levando em consideração as forças que influenciam este objetivo. O modelo é considerado flexível por conter uma metodologia para que a RDM seja adaptada ao ambiente, possibilitando representar as especificidades e variar em função dos contextos das UI&D, mas também relacionar o global e o local, de modo que a universidade tenha o conhecimento dos dados geridos e as UI&D obtenham o suporte institucional para realizar a RDM. Em uma perspectiva ampla, o modelo possibilita uma RDM para a universidade, articulada, flexível e realizada com práticas essenciais, resultando em uma partilha adequada dos dados de investigação.