Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/10221
Title: Migração e saúde mental : vulnerabilidade ao stress, apoio social e saúde mental em imigrantes da Europa de Leste a residir em Portugal
Authors: Monteiro, Ana Paula Teixeira de Almeida Vieira 
Keywords: Cuidados de saúde; Emigrantes e imigrantes; Política nacional de saúde; Saúde mental; Imigrante russo -- Portugal; Stress
Issue Date: 14-May-2009
Abstract: Fundamentação: Nos últimos anos da década de 90 do século XX, a geografia da imigração em Portugal sofreu transformações muito profundas, a nível de recrutamento e padrões de fixação geográfica de imigrantes em Portugal, com o aumento e afluxo exponencial de novos grupos de imigrantes. As populações imigrantes da Europa de Leste são um fluxo migratório recente, com especificidades linguísticas, culturais e sociodemográficas face à população portuguesa, que representam um novo desafio à estrutura dos serviços de saúde em Portugal. A literatura sobre este tema e a análise de alguns indicadores focados no acesso aos cuidados de saúde pelas principais comunidades imigrantes residentes em Portugal mostram que apesar de se terem registado avanços significativos na legislação e existir um esforço de procura de boas práticas a nível do acolhimento, continuam a não existir os estudos necessários para realizar uma avaliação detalhada das condições e práticas de saúde dos imigrantes, bem como a qualidade e a adequação dos cuidados proporcionados pelo Serviço de Saúde Português a estas populações. Objectivos – Este estudo pretende realizar uma caracterização sociodemográfica, identificar os principais problemas de saúde e padrões de vigilância de saúde da população russófona proveniente dos países da Europa de Leste a residir em Portugal. Também pretende avaliar o status de saúde mental desta população e a sua vulnerabilidade ao stress, em relação ao processo migratório, acesso aos serviços de saúde e apoio social. Metodologia – O estudo foi conduzido em centros de apoio ao imigrante de 31 de Janeiro de 2005 a 31 de Março de 2006, e focou-se em 566 imigrantes da Europa de Leste residentes em várias regiões de Portugal, 296 do sexo masculino e 270 do sexo feminino, com uma média de idades de 36,3 anos de idade e idades compreendidas entre os 15 e os 66 anos. Para um segundo estudo utilizou-se um grupo de controlo de 110 indivíduos da população portuguesa, sem experiências migratórias prévias, emparelhados por género, idade e qualificações académicas. Neste estudo foi utilizada o 23 QVS (Vaz Serra, 2000), para avaliar a vulnerabilidade ao stress; o GHQ-28 (Goldberg & Hillier, 1979) e a ER80 (Pio de Abreu, 1981) para avaliar a percepção de apoio social e um questionário sociodemográfico. Resultados - Dos 566 indivíduos da primeira amostra, concluiu-se que esta população é predominantemente do sexo masculino, em idade jovem activa, característica de uma migração de cariz económico, com elevadas qualificações académicas, mas que não realiza tarefas laborais que exijam semelhantes qualificações. 81,8% dos imigrantes inquiridos já tinha tido acesso ao Serviço Nacional de Saúde Português, sendo as principais razões para este uso dos serviços de saúde situações de doença grave ou acidentes de trabalho. Uma percentagem significativa dos inquiridos refere o consumo de bebidas alcoólicas e tabaco, realiza tarefas laborais arriscadas e apresenta comportamentos de vigilância da saúde reduzidos. Em relação ao status de saúde mental, 10,4% dos imigrantes inquiridos apresentaram patologia psiquiátrica avaliada pelo ponto de corte do GHO-28; 40,8% apresentaram patologia psiquiátrica avaliada pelo ponto de corte do ER80 e 54,9% dos inquiridos apresentavam vulnerabilidade ao stress (ponto de corte do 23QVS). A análise estatística revelou a existência de relações estatisticamente relevantes entre o apoio social percepcionado como disponível (tanto na sua dimensão numérica como na dimensão da satisfação com o apoio social) e a saúde mental. Neste estudo verificou-se uma correlação estatisticamente relevante entre o acesso aos serviços de saúde e aos níveis de saúde mental da população inquirida. Vários factores relacionados com a vulnerabilidade da saúde mental ou maior incidência de stress foram identificados, nomeadamente a ruptura com redes de apoio familiares; condições de trabalho desfavoráveis; desconhecimento da língua portuguesa; região de residência e acesso aos cuidados de saúde em Portugal. O estudo com o grupo de controlo revelou que os imigrantes da Europa de Leste apresentam vulnerabilidade ao stress superior, níveis inferiores de apoio social percepcionado como disponível, que na dimensão número de apoiantes quês na dimensão satisfação com o apoio e um status de saúde mental inferior ao da população portuguesa.
Background: In the last years of the 1990’s, the geography of immigration to Portugal has suffered very deep transformations, both in the areas of recruiting and in the geographic fixation patterns of immigrants in Portugal, with rising and exponential flow of new groups of immigrants. Eastern Europe immigrant populations are a recent migratory flow in Portugal, with socio-demographic, cultural and linguistic specificities in comparison to the Portuguese population, which represent a new challenge to structured health services in Portugal. Literature about this subject, as well as the analysis of some indicators which focus on the access to health care by the main immigrant communities residing in Portugal, show that despite significant legislative advances being recorded and an effort for the prosecution of good practices at the level of immigrant welcoming exists, still exist no necessary studies to make a detailed and established assessment of the immigrants’ health conditions and practices, as well as the quality and suitability of care provided by the Portuguese Health Service to these populations. Objectives: This study aims to perform a socio-demographic characterization, identify the main health problems and health surveillance patterns of the Russian-speaking immigrant population from Eastern European countries residing in Portugal. It also aimed to assess the mental health status of this population and its vulnerability to stress, relating them to the migratory process, access to health services and social support. The study was conducted in immigrant support community centres from January 31st, 2005 to March 31st, 2006 and focused on 566 Eastern European immigrants residing in several regions of Portugal, 296 male and 270 female, with an average age of 36.3 years old, ages ranged from 15 to 66 years old. For a second study we used a control group of normal individuals of Portuguese population, without previous migratory experiences, matched by gender, age and academic qualifications. The control group consisted of 110 participants. In this study we used the 23 QVS (Vaz Serra, 2000) to access vulnerability to stress; the GHQ-28 (Goldberg & Hillier, 1979) and the ER80 (Pio de Abreu, 1981) to the screening of mental health problems; the SSQ6 (Saranson, Saranson & Pierce, 1987) to access the perceived social support and a Socio-demographic questionnaire. Results: From the 566 individuals in sample one, we conclude that this population is predominantly male, in an active young age, characteristic of an economic migration, with high academic qualifications, but that does not perform work tasks that demand similar qualifications. 81.8% of the inquired immigrants already had access to the Portuguese National Health Service, the main reasons for the this use of the health services being situations of acute illness or work accidents. A significant percentage of the inquired refers consumption of alcoholic drinks and tobacco, have risky work tasks and presents reduced health surveillance behaviours. Regarding the mental health status, 10.4% of the inquired immigrants presented psychiatric pathology assessed by the cutting point of GHQ-28; 40.8% presented psychiatric pathology assessed by the cutting point of ER80 and 54.9% of the inquired presented stress vulnerability (cutting point of 23QVS). The statistic analysis revealed the existence of statistically relevant relations between social support understood as available (both in its dimension of number and in the dimension of satisfaction with the social support), and mental health. In this study one verified a statistically relevant correlation between access to health services and the levels of mental health of the inquired population. Several factors related to mental health vulnerability or higher incidence of stress, were identified, namely the rupture with family support networks and low social support; unfavourable working conditions, unfamiliarity with the Portuguese language; region of residence and access to health care in Portugal. The study with a control group revealed that Eastern European immigrants present higher vulnerability to stress, lower social support and lower mental health status than the Portuguese population.
Description: Tese de doutoramento em Ciências Biomédicas apresentada à Fac. de Medicina da Univ. de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/10221
Rights: openAccess
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