EUROPA, je t'aime moi non plus

Abstract

Nas discussões contemporâneas em torno da Europa pós-colonial, os conceitos de memória e pós-memória assumiram uma importância crescente, dando destaque a um aspeto de grande relevância política: a questão colonial não terminou com aqueles que a levaram a cabo ou que a sofreram. Passou para as gerações seguintes através das figuras do ex-colonizador e do ex-colonizado. Estas “personagens” reencenam uma complexa fantasmagoria profundamente relacionada com o espectro mais íntimo do subconsciente europeu: o seu fantasma colonial que se manifesta inter alia sob a forma de “transferências de memória” colonial - como racismo, segregação, exclusão, subalternidade – ou sob a forma de “erupções de memória”, e assim questiona a essência das sociedades multiculturais europeias, desenhadas pelas heranças coloniais e alimentadas por vagas migratórias.

In the contemporary discussions regarding post-colonial Europe, the concepts of memory and post-memory have taken on growing importance, giving prominence to an insight with great political relevance: colonialism never ends with those who enforced or suffered it. Traces of a colonial mindset impregnate generations to come and it has been passed down through the image of the former coloniser and the former colonised. These characters restage a complex phantasmagoria closely related to the most intimate ghost of the European subconscious: its colonial ghost which manifests itself inter alia in the form of a colonial “transfer of memory” – as racism, segregation, exclusion, subalternity – or in the form of “eruptions of memory”, and thereby questions the very essence of European multicultural societies, shaped by colonial heritage and fed by waves of migration.