Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/93962
Title: Os Concheiros do Sado: Análise paleobiológica dos vestígios humanos datados do Mesolítico final através de uma reavaliação documental
Other Titles: The Sado Shelmiddens: Paleobiological analysis of the human remains dating from the Mesolithic through a documental re-evaluation
Authors: Rodrigues, Félix André Miguel
Orientador: Umbelino, Cláudia Isabel Soares
Keywords: Mesolítico; Caçadores recolectores semissedentários; Paleopatologia; Holoceno; Conservação óssea; Mesolithic; Semissedentary hunter gatherers; Paleopathology; Holocene; Bone conservation
Issue Date: 16-Nov-2020
Serial title, monograph or event: Os Concheiros do Sado: Análise paleobiológica dos vestígios humanos datados do Mesolítico final através de uma reavaliação documental
Place of publication or event: Universidade de Coimbra
Abstract: The present work synthesizes and treats the biological data referring to the Mesolithic skeletons exumed from Sado Valley. The systematization consisted in the evaluation of the conservation state of the skeletons state of conservation, the unique environmental conditions that they’ve been exposed to, in the age-at-death estimation, in the sexual diagnosis, in the stature estimation, in the evaluation of the skeletal and dental discrete traits, in the evaluation of the skeletal and dental pathology and in the degree and patterns of dental wear. These analyses were based on metric and morphological methods or statistical analysis. The skeletal conservation state varied between Bad and Good and it was dependent of the geographical location of the burial and the amount of calcium carbonates deposited in the bone surfaces. Regarding age-at-death estimation, it was found a predominance of adults in relation to non-adults, nonetheless, this last group has a smaller amplitude in concerning the age estimation gap. It was found that the adult group was composed by young adults, middle aged adults and elderly adults. The amplitude in the age-at-death estimation in adults was partially reduced by a set of assumptions that have been modeled regarding dental wear. The sexual diagnosis revealed a great uncertainty, nevertheless, it was observed a possible predominance of male individuals in relation to females. The uncertainty was influenced by the conservation state. The studied sample has sexual dimorphism regarding stature, with males presenting the greater values (significant for p<0,05). It was also observed that these communities were possibly the shortest comparing to other European Mesolithic communities. From the discrete traits evaluation, commonly used to infer biological distances between populations, it was observed abnormally high values for the traits “patella emarginate” (66,7%), “supernumerary lambda ossicle” (90.9%) and “supraorbital orbital foramina” (100%), suggesting that these populations were different from the Neolithic, Medieval and Modern population of the current Portuguese territory. Concerning the skeletal paleopathology evaluation, it was observed high frequencies of “osteoarthritis” lesions possibly related to age and subsistence patterns, degenerative and infectious lesions, entheseal changes possibly related to the subsistence patterns and a low frequency of traumatic lesions. The Arapouco shellmidden stood out with 50% of the individuals showing lesions. Some of the lesions observed might have influenced the survival of the individuals who suffered from it. The generally high values of dental wear possibly result from a shells rich diet, without differences between sexes and with simillar patterns simillar to those observed in other hunter-gatherer populations. Regarding dental pathology, the high frequency of dental caries (5,12%), unexpected for European Mesolithic populations, stood out. A low frequency of enamel hypoplasia (24,1%), relatively low frequencies of antemortem tooth loss and high frequencies of dental calculus (12,8%) were also observed.The paleobiological analysis of these human remains allowed us to infer about physical characteristics, life and death in a population that was beginning the journey towards what we are today.
Este trabalho sintetiza e trata dados biológicos referentes aos esqueletos exumados do Vale do Sado e classificados como pertencentes ao Mesolítico final. A sistematização dos dados consistiu na avaliação do estado de conservação dos esqueletos, das condições ambientais especificas a que foram sujeitos, na estimativa da idade à morte, na diagnose sexual, na estimativa da estatura, na avaliação de frequências de caracteres discretos esqueléticos e orais, na avaliação paleopatológica esquelética e oral e na avaliação do grau e padrão de desgaste dentário, recorrendo a métodos morfológicos, métricos ou aplicando métodos e tratamentos estatísticos. O estado de conservação dos esqueletos variou entre Mau e Bom e está dependente da localização geográfica e da deposição de carbonatos de cálcio na superfície dos ossos. Da estimativa da idade à morte encontrou-se uma predominância de indivíduos adultos em relação aos não adultos, com uma menor amplitude dessa estimativa para os últimos. Entre os adultos existem jovens adultos, adultos de meia-idade e adultos idosos. O intervalo da idade à morte de alguns indivíduos adultos foi reduzido, em parte, usando um conjunto de pressupostos que foram modelados tendo em conta o seu desgaste dentário. A diagnose sexual tem grande incerteza, observando-se no entanto, uma possível predominância de indivíduos do sexo masculino em relação ao feminino. A incerteza foi influenciada pelo estado de conservação dos esqueletos. A amostra estudada tem dimorfismo sexual em relação à estatura (significativo para p<0,05), com os indivíduos masculinos a apresentarem os maiores valores. Constatou-se ainda que estas comunidades são, possivelmente, as mais baixas do Mesolítico Europeu. Da avaliação da frequência de caracteres discretos esqueléticos, por norma utilizadas para inferir distâncias biológicas entre populações, observaram-se valores anormalmente elevados para a “patella emarginate” (66,7%), os “ossículos supranumerários do lambda” (90,9%) e as “foramina supra-orbitários” (100%) indiciando que esta população é distinta de populações Neolíticas, Medievais e Modernas do atual território Português. Após a avaliação paleopatológica esquelética observou-se uma elevada frequência de lesões do tipo “osteoartrose” possivelmente relacionadas com a idade e padrão de subsistência, lesões degenerativas ou infeciosas, alterações da entese, possivelmente relacionadas com o padrão de subsistência, e, uma baixa frequência de lesões traumáticas. De entre os concheiros estudados, destaca-se o grande número de indivíduos com lesões em Arapouco (50%). Algumas das lesões observadas poderão ter influenciado a sobrevivência dos indivíduos que delas padeciam. O elevado desgaste dentário geral registado resulta possivelmente de uma dieta abrasiva à base de bivalves, sem diferença entre sexos e com padrões de desgaste médio semelhantes aos observados em outras populações de caçadores recolectores. Na patologia dentária destaca-se a elevada frequência de caries dentárias (5,12%) incomum em populações Mesolíticas Europeias. Registaram-se baixas frequências de hipoplasias do esmalte por individuo (24,1%), frequências relativamente baixas de perda de dentes ante mortem e elevadas frequências de tártaro dentário por dente (12,8%). A análise paleobiológica destes vestígios humanos permitiu inferir características físicas, vivencias e processos associados à morte de uma população que começava a trilhar um caminho em direção ao que somos hoje.
Description: Dissertação de Mestrado em Evolução e Biologia Humanas apresentada à Faculdade de Ciências e Tecnologia
URI: https://hdl.handle.net/10316/93962
Rights: openAccess
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