Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/92418
Title: Terras do Demo: Turismo e Desenvolvimento Num Território Literário
Authors: Lopes, Ana Isabel Ventura 
Orientador: Santos, Norberto Nuno Pinto dos
Cunha, Lúcio José Sobral da
Keywords: Terras do Demo; Turismo Literário; Espaço Rural; Itinerários Literários; Terras do Demo; Literary Tourism; Rural Space; Literary Itineraries
Issue Date: 25-Nov-2020
Place of publication or event: Coimbra
Abstract: Persiste a ideia de associarmos o rural a um espaço bucólico onde o progresso e o desenvolvimento teimam em não chegar. Ainda assim, o mundo rural, desde o último quartel do século XX, é entendido como um espaço multifuncional, embora, todavia, sempre associado a baixas densidades. As áreas rurais em Portugal têm vindo a sofrer nas últimas décadas alterações do ponto de vista demográfico, social e económico. Estas, conforme sabemos, resultam, entre outros fatores, do seu fraco dinamismo, da sua restrita ou uni-orientada capacidade de atração, do seu posicionamento relacional, que é repulsivo para o investimento, conservador (também por isso refúgio e santuário), reduzido em termos de mercado de trabalho e, sem dúvida, envelhecido. É recorrente associar, também, a atual situação a um posicionamento geográfico periférico face aos núcleos urbanos de maior dimensão. Se bem que assim possa ser assumido, no entanto, a disseminação das vias de comunicação e a melhoria significativa da mobilidade de pessoas, mercadorias, capitais e ideias, que parece poder deixar de ser um estigma da interioridade, não deixa de poder ter um duplo papel: o de facilidade de acesso, mas, também, o de facilidade de saída. A gradual perda de importância social e económica da agricultura desencadeou, por parte dos agentes locais, a necessidade de valorizar atividades de carácter não agrícola, que, embora já existentes, funcionavam frequentemente como suplemento do rendimento das famílias. Neste contexto, os fatores geradores de desenvolvimento são muito diversificados e, claramente, suporte da multifuncionalidade acima expressa, variando em função das sinergias locais, do interesse de um conjunto de entidades externas e internas, e do próprio conteúdo e alcance das políticas públicas. O rural reinventa-se a cada dia e uma das principais formas da sua (re)invenção passa pela turistificação das suas paisagens e pela valorização do seu património e dos seus recursos endógenos. Nos últimos anos, as obras literárias têm sido um importante instrumento de trabalho para a geografia humana e cultural pois, através delas, é possível obter informação acerca dos modos de vida, das características socioculturais, económicas, históricas dos diferentes grupos humanos e também dos contextos físicos em que habitam. A literatura pode assumir assim um papel de destaque enquanto veículo transmissor desta cultura e, simultaneamente, perpetuá-la ao longo do tempo, nos registos de um escritor. O Turismo Literário surge, então, como a corporização das palavras do autor, existindo a primazia do lugar sobre a escrita. O leitor passa a ser um viajante e desloca-se ao espaço geográfico em que os seus personagens estiveram e viveram. Transforma-se ele próprio no ator e autor da sua história. A delimitação das Terras do Demo, que é alvo de estudo do presente trabalho, tem por base a obra Aquiliniana com o mesmo nome. A expressão Terras do Demo foi usada por Aquilino no título do seu romance, em 1919, e não mais deixou de estar ligada a uma área geográfica que se localiza na Beira. Podemos dizer que esta designação corresponde aos atuais concelhos de Aguiar da Beira, Moimenta da Beira, Penedono, Sátão, Sernancelhe e Vila Nova de Paiva.
Presists the idea of associating the rural with a bucolic space where progress and development do not exist. Even so, the rural world, since the last quarter of the twentieth century, is understood as a multifunctional space, although nevertheless always associated with low densities. Rural areas in Portugal have been suffering demographic, social and economic changes in recent decades. These, as we know, result, among other factors, from their weak dynamism, their restricted or uni-oriented attractiveness, their relational positioning, which is repulsive to investment, conservative (also therefore refuge and sanctuary), reduced. in terms of the labor market and undoubtedly aged. It is also recurrent to associate this situation with a peripheral geographical positioning in relation to the larger urban centers. Although this can be assumed, however, the spread of the communication channels and the significant improvement in the people’s mobility, goods, capital and ideas, which seems to be no longer interiority’s stigma, can still be doubly role: ease of access but also ease of exit. The gradual loss of social and economic importance of agriculture has triggered, by local agents, the need to value non-agricultural activities, which, although already existing, often functioned as a supplement to household income. In this context, the developmental factors are very diverse and clearly supportive of the above mentioned multifunctionality, varying according to local synergies, the interest of a set of external and internal entities and the content and scope of public policies. The rural reinvents itself every day and one of the main forms of its (re)invention is through the turistification of its landscapes and the valorization of its heritage and its endogenous resources. In recent years literary works have been an important working tool for human and cultural geography, because trough them it is possible to obtain information about the ways of life, the social-cultural, economic, historical characteristics of different human groups and the physical contexts in which they inhabit. Literature can thus play a prominent role as a transmitting vehicle of this culture and simultaneously perpetuate it over time in a writer's records. Literary tourism emerges, then, as the embodiment of the author's words, there is the primacy of place over writing. The reader becomes a traveller and travels to the geographical space where his characters Terras do Demo – Turismo e Desenvolvimento num Território Literário vi were and lived. He becomes himself the actor and author of his story. The delimitation of Terras do Demo, which is the subject of study of this work is based on the Aquiliniano work of the same name. The term Terras do Demo was used by Aquilino in the title of his novel in 1919, and never stopped being connected to a geographical area in Beira. We can say that this designation corresponds to the current municipalities of Aguiar da Beira, Moimenta da Beira, Penedono, Sátão, Sernancelhe and Vila Nova de Paiva.
Description: Tese no âmbito do Doutoramento em Geografia Humana, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
URI: https://hdl.handle.net/10316/92418
Rights: openAccess
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