Please use this identifier to cite or link to this item: https://hdl.handle.net/10316/87616
Title: Futebol, Raça e Nação em Portugal
Authors: Almeida, Pedro Freitas de Sá Sousa de
Orientador: Maeso, Silvia
Keywords: futebol; raça; racismo; nação; football; race; racism; nation
Issue Date: 27-Mar-2019
Place of publication or event: Coimbra
Abstract: Este trabalho parte da ideia de que o estudo do futebol em Portugal é uma forma de compreender a história contemporânea do país. O estabelecimento de um diálogo entre a teoria social e a literatura crítica sobre sociedade e desporto permite clarificar o modo como a tese da homogeneidade racial, entendida enquanto pretensa condição natural das nações europeias, se produz e reproduz a partir do contexto do futebol português. Dadas as limitações teóricas que assinalam os estudos sobre desporto, racismo e identidade nacional, a presente investigação coloca em evidência a capacidade extraordinária do futebol em condensar os imaginários de raça e identidade nacional. Mostra-se, portanto, em que medida os moldes nos quais assenta o debate no contexto europeu não permitem captar como a ideia de raça opera enquanto marcador da europeidade. Neste sentido, o desafio às teses dominantes demonstra a necessidade de problematizar a ideia de nação a partir da produção crítica sobre raça, racismo e eurocentrismo. A desconstrução da tese da homogeneidade racial que percorre os imaginários europeus implica, primeiramente, o reconhecimento de que o racismo contemporâneo se encontra enraizado em séculos de opressão. Esse reconhecimento requer o abandono da tese – hegemónica dentro e fora da academia especializada – segundo a qual o racismo assenta em ‘preconceitos’ e ‘atitudes’ de uma minoria da população. Assim, defende-se que, longe de se poder considerar um epifenómeno na história do pensamento ocidental, a noção de raça é constitutiva da própria modernidade. A componente empírica da presente investigação, ao evidenciar o modo como as culturas do futebol em Portugal naturalizam a ideia de que o ‘outro’ não cabe nas fronteiras da portugalidade, confirma que a nação não é percecionada como sendo multirracial. Conforme se destaca, a análise crítica das narrativas edificadas em torno do Sport Lisboa e Benfica e da Associação Académica de Coimbra demonstra que a construção da ideia de nação se encontra profundamente ligada ao passado colonial. Deste modo, não obstante o fim formal do colonialismo, a tese da excecionalidade portuguesa continua a ser permanentemente mobilizada. Além de problematizar as narrativas que acompanharam a história dos referidos clubes, a pesquisa empírica mostra que esse dispositivo ideológico é determinante para se compreender os discursos produzidos e veiculados pelos media, reforçando, assim, a tese de que não é possível, no Portugal contemporâneo, pensar a nação sem se ter em conta o modo como se articula com raça e racismo.
This dissertation stems from the idea that studying football in Portugal helps to understand national contemporary history. A dialogue between social theory and the critical literature on society and sport clarifies how the thesis of racial homogeneity, claimed as a natural state of European nations, is (re)produced in the Portuguese context of football. Given the limitations which characterise studies on sport, racism and national identity, this research study highlights football’s extraordinary capacity to embody racial imagery and national identity. This dissertation explains how the framing of debate in the European context has not encapsulated the idea of race as a marker of europeanness. In this regard, current theses are challenged by showing a need to problematise the idea of nation from the critical production of race, racism and Eurocentrism. Deconstructing the dominating thesis of racial homogeneity entails the acknowledgement that today’s racism arises from centuries of oppression. This acknowledgement requires the abandonment of the hegemonic thesis (within and outside specialised academia) according to which racism is based on the ‘prejudices’ and ‘attitudes’ of a minority. Far from being considered an epiphenomenon of the history of Western thinking, the notion that race constitutes modernity itself is thus asserted. By highlighting the way football cultures naturalise the idea that the ‘other’ has no place within the realms of portugueseness the empirical element of this research study confirms that the nation is not perceived as multi-racial. Moreover, the critical analysis of the narratives around Sport Lisboa e Benfica and Associação Académica de Coimbra reaffirms the strong link between ‘nation’ and colonial past. Therefore, notwithstanding the formal end of colonialism, the thesis of Portuguese exceptionality is still permanently used. Besides problematising the narratives which accompany the history of the aforementioned clubs, this empirical study shows that this ideological device is pivotal in understanding the discourses produced and conveyed by the media, thus reinforcing the thesis that the idea of nation cannot be dissociated from race and racism.
Description: Tese de Doutoramento em Democracia no Século XXI, apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/87616
Rights: openAccess
Appears in Collections:UC - Teses de Doutoramento
FEUC- Teses de Doutoramento

Files in This Item:
File Description SizeFormat
Doutoramento em Democracia no Século XXI.pdf4.62 MBAdobe PDFView/Open
Show full item record

Page view(s)

373
checked on Mar 26, 2024

Download(s)

561
checked on Mar 26, 2024

Google ScholarTM

Check


Items in DSpace are protected by copyright, with all rights reserved, unless otherwise indicated.