Relações sociais de género e o papel da educação. Percepções de docentes universitários angolanos de instituições públicas do ensino superior.

Abstract

A igualdade entre homens e mulheres constitui a base para a construção de uma sociedade livre de estereótipos, onde eles e elas tenham os mesmos direitos e oportunidades de participação efectiva, sem que haja empecilhos pelo facto de se ter nascido do sexo masculino ou feminino. Contudo, a prevalência de valores que discriminam a mulher em detrimento do homem ainda presentes em diversas culturas, tem provocado o aumento da pobreza na camada feminina, ao impedirem que a mesma tenha acesso à educação, confinando o seu papel ao cuidado do lar, marido, filhos e dos familiares mais próximos. Assim, a educação constitui um dos mais poderosos recursos que as mulheres possuem para a aquisição de conhecimentos, tomada de consciência dos seus direitos de cidadania e emancipação social. Assim sendo, o presente estudo pretende saber quais são as percepções de docentes universitários angolanos sobre os papéis de género atribuídos a homens e mulheres, para tentar identificar possíveis estereótipos, percepções erróneas e ideias tradicionais negativas que possam afectar as relações na comunidade universitária, em particular, e no âmbito social, em geral. Trata-se de uma investigação qualitativa e envolveu nove participantes, sendo todos docentes de Instituições do Ensino Superior em Angola, que se encontravam na Universidade de Coimbra a frequentar cursos nas diferentes áreas do saber, no ano lectivo 2016/2017. A técnica utilizada para a colheita de dados ou informações foi a entrevista semiestruturada ou semidirectiva, contendo seis perguntas abertas. Os resultados deste estudo mostram que a influência de crenças culturais é muito acentuada, tornando as relações sociais entre homens e mulheres desiguais; o sistema de ensino apresenta vários constrangimentos e dificuldades de funcionamento e as políticas de promoção de igualdade entre homens e mulheres delineadas pelo Governo têm sido ineficazes, quanto à sua extensão e abrangência.

Equality between men and women is the cornerstone for a society free of stereotypes, where men and women have the same rights and opportunities to participate actively in the society, without any obstacles due to one’s sex. However, the prevalence of social values that discriminate women is still common in many cultures, which increases poverty among women, by denying women’s access to education and reducing their role to taking care of their importance before their husbands, sons and relatives. Therefore, education constitutes the most powerful resource that women have to acquire knowledge, to become aware of their rights and to gain social emancipation. This study is an exploratory research about the opinions of Angolan professors on the various roles attributed to men and women in order to identify potential roots for stereotypes, misconceptions and harmful traditional mindsets that may affect the quality of social relations in the academic community, in particular, and in the society, in general. This is a qualitative study and involved nine participants, all of them professors in Angolan universities, who were attending different courses at University of Coimbra in the academic year of 2016/2017.Data was collected through a semi-structured or semi-directive interview with six open ended questions. The results of this study show that the influence of cultural beliefs is very strong, which makes socials relations between men and women unequal; the education system has several constraints and operational difficulties and the government’s politics for promotion of gender equality in Angola are inefficient in respect to its’ extension and scape.