Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/10316/79566
Título: A morte na imprensa : a evolução no tratamento mediático da morte de figuras públicas
Autor: Mota, Joana Margarida Rodrigues Lopes Martins 
Orientador: Camponez, Carlos
Palavras-chave: morte; narrativas mediáticas; rituais; celebridades; comunicação social; imprensa
Data: 12-Out-2017
Citação: MOTA, Joana Margarida Rodrigues Lopes Martins - A morte na imprensa : a evolução no tratamento mediático da morte de figuras públicas. Coimbra : [s.n.], 2017. Tese de doutoramento. Disponível na WWW: http://hdl.handle.net/10316/79566
Local de edição ou do evento: Coimbra
Resumo: A morte e o seu caráter disruptivo têm sido alvo do interesse de académicos e investigadores, quer na sua vertente antropológica, quer do ponto de vista histórico, sociológico e cultural. O tema assume também grande relevância do ponto de vista das narrativas mediáticas, pelo que o trabalho aqui apresentado partiu da ideia da noticiabilidade da morte e visou aprofundar a cobertura do tema nos meios de comunicação social. Do ponto de vista da noticiabilidade, a proeminência das personalidades envolvidas no acontecimento é outro dos fatores que pesa na escolha do que pode ou não ser notícia. Assim, aliámos a questão da morte e da notoriedade e propusemo-nos analisar a cobertura da morte de 20 personalidades públicas em três jornais diários portugueses. Escrutinámos, pois, o tratamento mediático que foi feito da morte de António de Oliveira Salazar, Fernando Pascoal das Neves, Francisco Sá Carneiro, Joaquim Agostinho, António Variações, José Afonso, Carlos Paião, Miguel Torga, Beatriz Costa, António de Spínola, Vítor Baptista, Amália Rodrigues, Sophia de Mello Breyner, Álvaro Cunhal, José Megre, Raul Solnado, José Saramago, António Feio, Angélico Vieira e Eusébio da Silva Ferreira. Primeiramente olhámos a morte enquanto fenómeno, de uma perspetiva multidisciplinar, focando a questão do tabu e dos rituais a ela associados. Seguiu-se uma abordagem da morte do ponto de vista dos meios de comunicação social, atendendo às questões da tabloidização, espetacularização e ligações entre a morte, figuras públicas e meios de comunicação social. Procurámos, pois, aprofundar as diferentes categorias das figuras públicas e a influência que os media têm na construção dessas personalidades. Partimos, depois, para a análise caso a caso, culminando numa série de considerações que vão ao encontro das mudanças e evoluções do setor mediático nos últimos 40 anos e apontam algumas tendências que emergem do tratamento que cada jornal deu a cada um dos casos. A questão da espetacularização da informação e o predomínio da emoção nas narrativas mais atuais foi uma das principais tendências detetadas no âmbito deste estudo. Concomitantemente, conseguimos identificar um paralelo entre a ritualidade presente no trabalho do antropólogo Van Gennep e a forma como os jornais constroem o luto coletivo. A exposição dos cadáveres nos primeiros casos aqui analisados permitiu-nos um entendimento mais amplo da dualidade entre o tabu e a curiosidade que coexistem nas atitudes perante a morte. Simultaneamente compreendemos que o ruído pode afetar a noticiabilidade e que, em alguns casos, o acontecimento não é recuperado pelo jornal, mas, em outros casos, a personalidade é retomada aquando das efemérides da sua morte e revalorizada pelo media. A morte enquanto disrupção e alteração no curso da vida é tanto mais mediatizada quanto maior foi o estatuto da personalidade que faleceu. Este estudo aponta não só no sentido da evolução das formas de tratamento dessa disrupção, como também invoca alguns mecanismos identificados nos jornais, concomitantes com a hiperconcorrência e com o fenómeno da pós-verdade.
Death and its disruptive feature have been the target of the interest of scholars and researchers, both in their anthropological and historical, sociological and cultural points of view. The subject also assumes great relevance from the angle of the media narratives, reason why the work presented here started from the idea of the newsworthiness of death and aimed to deepen the coverage of the subject in the mass media. From the point of view of newsworthiness, the prominence of the personalities involved in the event is another factor that weighs in the choice of what may or may not be in the news. Thus, we allied the question of death and notoriety and we proposed to analyze the coverage of the death of 20 public figures in three Portuguese daily newspapers. We have therefore scrutinized the media treatment of the death of António de Oliveira Salazar, Fernando Pascoal das Neves, Francisco Sá Carneiro, Joaquim Agostinho, António Variações, José Afonso, Carlos Paião, Miguel Torga, Beatriz Costa, António de Spínola, Vítor Baptista, Amália Rodrigues, Sophia de Mello Breyner, Álvaro Cunhal, José Megre, Raul Solnado, José Saramago, António Feio, Angélico Vieira and Eusébio da Silva Ferreira. First we looked at death as a phenomenon, from a multidisciplinary perspective, focusing on the taboo and the rituals associated with it. Then, we approached our subject from the media angle, taking into account the issues of tabloidization, spectacularization and links between death, public figures and the media. We have tried, therefore, to deepen the different categories of public figures and the influence that the media have in the construction of these personalities. We then proceed to the case-by-case analysis, culminating in a series of considerations that meet the changes and evolutions of the media sector in the last 40 years and point out some trends that emerge from the treatment that each newspaper gave to each of the cases. The issue of the spectacularisation of information and the predominance of emotion in the most current narratives was one of the main trends detected in the scope of this study. At the same time, we can identify a parallel between the rituality present in the work of the anthropologist Van Gennep and the way in which the newspapers construct collective mourning. The exposure of the corpses in the first cases analyzed here allowed us a broader understanding of the duality between the taboo and the curiosity that coexist in attitudes toward death. At the same time we understand that noise can affect newsworthiness and that, in some cases, the event is not recovered by the newspaper, but in other examples the personality is resumed at the time of death and revalued by the media. Death as disruption and alteration in the course of life is all the more mediated, the greater the status of the personality that has passed away. This study not only points to the evolution of the forms of treatment of this disruption, but also invokes some mechanisms identified in the newspapers, concomitant with hyper-competition and with the post-truth phenomenon.
Descrição: Tese de doutoramento em Ciências da Comunicação, no ramo de Estudos de Jornalismo, apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra
URI: https://hdl.handle.net/10316/79566
Direitos: openAccess
Aparece nas coleções:FLUC Secção de Comunicação - Teses de Doutoramento

Ficheiros deste registo:
Ficheiro Descrição TamanhoFormato
Apêndices.pdf2.3 MBAdobe PDFVer/Abrir
A morte na imprensa.pdf24.43 MBAdobe PDFVer/Abrir
Mostrar registo em formato completo

Visualizações de página 10

1.038
Visto em 23/abr/2024

Downloads 20

2.373
Visto em 23/abr/2024

Google ScholarTM

Verificar


Todos os registos no repositório estão protegidos por leis de copyright, com todos os direitos reservados.