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Título: Traduzir Mea Culpa ao ritmo de Louis-Ferdinand Céline
Autor: Sá, Ana Isabel Salvado de 
Orientador: Cabral, Maria de Jesus Quintas Reis
Palavras-chave: Tradução; Tradução de literatura
Data: 19-Nov-2014
Citação: SÁ, Ana Isabel Salvado de - Traduzir Mea Culpa ao ritmo de Louis-Ferdinand Céline. Coimbra : [s.n.], 2014. Dissertação de Mestrado. Disponível na WWW: http://hdl.handle.net/10316/27671
Resumo: Na origem do presente projecto de tradução está o reconhecimento de que a tradução literária convoca um universo plural epistemológico, o qual, se é certo que advém de uma forma de mediação riquíssima entre duas línguas e duas culturas, também ganha substância se contemplar uma reflexão sobre a linguagem humana. Referimo-nos, por outras palavras, à relação dinâmica e complementar entre língua e linguagem que, quando presente num processo cognitivo tão peculiar como o do tradutor literário, culmina quase sempre numa recompensa intelectual. De igual modo, num sentido mais prático, é uma aliança que permite identificar uma tipologia de problemas de tradução diferente da convencional, ou seja, por se libertar um pouco da metodologia estruturalista e por redimensionar as noções tradicionais da linguística, contempla outro tipo de questões pertinentes como a presença de sociolectos, ou a singularidade discursiva de uma voz que nos fala através do texto literário. Partindo, assim, de uma fórmula heurística mais geral, o nosso quadro teórico orienta- -se por várias leituras dialogísticas que, do discurso hermenêutico de Schleirmacher (2004), George Steiner (1998), ou Ricoeur (1984), à teoria crítica do ritmo de Henri Meschonnic (1982 e 2002), se cristaliza num quadro de análise textual estratificado. Proposto por João Barrento (2002), este “escavar” dos aspectos fonológico, lexical, semântico, morfossintáctico, semântico, cultural e pragmático revela-se eficaz por atender, em primeiro lugar, às características do texto original e, posteriormente, aos recortes de análise do texto traduzido. Neste sentido, ao entrecruzar “subjectividade” com “objectividade”, julgamos poder responder ao desafio teórico e prático que implica traduzir um autor tão peculiar quanto Louis-Ferdinand Céline e, em particular, o seu panfleto anti-comunista de 1937 intitulado Mea Culpa1 . Se, de facto, ao fazermos referência à tradução tanto do autor quanto do texto, justificamos, por um lado, a pertinência da já mencionada relação entre língua e linguagem subjacente a este trabalho, por outro lado também clarificamos a razão principal que nos levou a escolher este texto enquanto objecto de tradução: o tributo a um dos nossos autores de eleição. A par desta, o relevo que a tradução assume para a consolidação dos textos foi outra razão que contribuiu para a nossa escolha, pois, no âmbito deste trabalho, é-nos permitida a possibilidade de oferecer ao mundo académico português, ou a outros possíveis interessados, uma fonte primordial de conhecimento histórico, nomeadamente quando se trata de um texto polémico que causa um certo desconforto às editoras. Na verdade, o facto de Mea Culpa (1937) já ter sido traduzido há aproximadamente quinze anos, por Manuel João Gomes, mas ter-se cingido somente a uma primeira edição, também contribuiu para a nossa vontade de relançar um documento ímpar sobre o Comunismo, o qual, além de contemplar um sentido forte dos problemas políticos, ganha uma força suplementar devido às marcas de testemunho pessoal. Outra das razões coaduna-se com o questionar da aplicação de metodologias herdeiras do Estruturalismo quando traduzimos um escritor que é, ele mesmo, um heterodoxo e um anti- -académico levando, portanto, a ponderar a capacidade de resposta de um quadro teórico alternativo e satisfatório. Por conseguinte, optámos por testar a viabilidade de um método que, privilegiando o ritmo discursivo enquanto princípio semântico, aponta não só para a tentativa de manutenção de uma prosódia pessoal no texto traduzido, como também para inverter a ideia da invisibilidade do tradutor, pois é inevitável que a sua voz não se (con)funda com a do autor ao longo de todo o processo de descodificação que, iniciado com a leitura do texto original, se reflectirá, portanto, no texto traduzido. Neste sentido, o presente projecto de tradução encontra-se dividido em cinco partes, as quais também espelham as etapas por que fomos passando: numa primeira secção apresentamos a biografia de Louis-Ferdinand Céline, essencial para lançar as bases hermenêuticas subjacentes ao nosso processo de tradução e para dar a conhecer ao leitor as características mais gerais que perfazem a singularidade do autor; na segunda, ainda de carácter introdutório, propomos uma reflexão sobre a orgânica específica do panfleto, assim como os seus principais aspectos temáticos; já num terceiro momento, ao analisarmos sobretudo os estratos que compõem o texto original, enveredamos pelo fio condutor relativo ao nosso enquadramento teórico-metodológico culminando, assim, num quarto momento, o qual consiste na tradução integral de Mea Culpa (1937); na quinta parte, retomamos o modelo dos diferentes estratos proposto por João Barrento (2002), para, então, identificarmos a tipologia de problemas encontrados durante a tradução e problematizarmos os vários recortes de análise, bem como as opções tomadas. Finalmente, completamos o trabalho com as últimas considerações tecidas aos métodos aplicados e aos resultados obtidos, esperando que os mesmos possam contribuir para a sempre inesgotável pesquisa efectuada pelos Estudos de Tradução. De referir ainda que o presente projecto de tradução não se encontra escrito ao abrigo do Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.
Descrição: Dissertação de Mestrado em Tradução apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra.
URI: https://hdl.handle.net/10316/27671
Direitos: openAccess
Aparece nas coleções:UC - Dissertações de Mestrado
FLUC Secção de Tradução - Teses de Mestrado

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