Utilize este identificador para referenciar este registo: https://hdl.handle.net/10316/26981
Título: Ecologia de saberes e justiça cognitiva. O movimento dos trabalhadores rurais sem terra (MST) e a universidade pública brasileira: um caso de tradução?
Autor: Valença, Marcos Moraes 
Orientador: Ribeiro, António Sousa
Palavras-chave: Universidade; Tradução; MST; Ecologia dos saberes; Justiça cognitiva
Data: 10-Fev-2015
Citação: VALENÇA, Marcos Moraes - Ecologia de saberes e justiça cognitiva. O movimento dos trabalhadores rurais sem terra (MST) e a universidade pública brasileira: um caso de tradução? [em linha]. Coimbra : [s.n], 2015. Tese de doutoramento. Disponível na WWW:<http://hdl.handle.net/10316/26981>
Resumo: Neste trabalho de investigação objetivei compreender como se dá a tradução – conceito utilizado por Boaventura de Sousa Santos – no espaço fronteiriço entre o movimento social do campo brasileiro (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, MST) e a Universidade Pública Brasileira (Universidade Federal Rural de Pernambuco, UFRPE), na sala de aula, no assentamento e no acampamento, através dos cursos de Especialização em Educação do Campo e de Especialização em Questão Agrária. A tradução, neste contexto, vislumbra a possibilidade da geração da interculturalidade capaz de produzir constelação de saberes, materializando a ecologia dos saberes e a justiça cognitiva. Desta maneira, pretendi compreender se, através dos cursos de Especialização, emerge a ecologia dos saberes, gerando a justiça cognitiva e, consequentemente, social, nesse encontro intercultural. A universidade brasileira, nascida tardiamente, no século XX, em consequência do processo de colonização com o qual sofreu o país, com uma intensa relação de dependência da colônia à metrópole, se dirigiu a uma elite econômica e social, caracterizou-se por deixar de contribuir para a realidade do país e se colocou distante do subalterno brasileiro. Já o movimento social do campo brasileiro se destaca tanto no processo de luta na questão da terra – reforma agrária – quanto no processo de formação de seus militantes, como é caso do MST. O encontro entre essas culturas distintas e distantes foi gerado através do Programa Nacional de Educação da Reforma Agrária (PRONERA), criado em 1998, por algumas universidades públicas brasileiras, MST e o Estado brasileiro, que pretende promover a educação – da infantil à superior – aos sujeitos do campo. Através de a descrição densa, baseada em Clifford Geertz, foram analisados os saberes, relações de poder, símbolos e tempos pedagógicos das distintas culturas – hegemônica e contra-hegemônica – , MST e universidade pública brasileira. Confirmei a minha hipótese de que é possível encontrar uma relação intercultural, norteada pelo diálogo, respeito, troca, parceria, tolerância, admiração, aprendizado e horizontalidade, que produz constelação de saberes, no espaço fronteiriço da Universidade e do MST, fazendo emergir a ecologia dos saberes e a justiça cognitiva. Mas o processo de interação não ocorreu de forma linear, homogênea e constante. Apesar das tensões e contradições, considero a relação aqui observada e analisada, entre essas culturas singulares, como um espaço de intersecção e de tradução, por ter gerado inteligibilidades múltiplas e revalorização dos saberes, e ter produzido epistemologias alternativas à globalização neoliberal, configurando-se como uma contra-hegemonia ao agregar os diversos saberes. Neste encontro, ficou comprovado que fazemos parte de um mundo de pluralidades e diversidade epistemológica, gerados pelo diálogo e respeito mútuo, adquirido e apreendido, por meio de um convívio entre essas culturas, iniciado desde o nascimento do MST. In this research I aimed to understand how does the translation – concept used by Boaventura de Sousa Santos – work in the borderline between the social movement of the Brazilian countryside (Landless Rural Workers' Movement, MST) and the Brazilian Public University (Federal Rural University of Pernambuco, UFRPE), in the classroom, at the squatting and the occupation, through the degree courses Specialization in Field Education and Specialization in Agrarian Issues. The translation in this context anticipates the possibility of generating interculturality being able to produce a constellation of knowledge, materializing the ecology of knowledge and the cognitive justice, This way, I wanted to understand if, based on the Specialization Courses, the ecology of knowledge emerges, generating the cognitive and, consequently, social justice, in this intercultural encounter. Brazilian universities, founded late in the twentieth century, as a result of the colonization process from which the country suffered, with an intense dependency relationship of the colony to the metropolis, were addressed to an economic and social elite, was characterized by stopping to contribute to the country's reality and diverged from the Brazilian underclass. Actually, the social movement of the Brazilian countryside stands out in both fighting for the land issue – land reform – and the process of training the militants, as it is in the case of the MST. The encounter of these distinct and distant cultures was evoked by the National Education Program in Agrarian Reform (PRONERA), founded in 1998 by some Brazilian public universities, the MST and the Brazilian government, which intends to promote education to the countrymen – from elementary school to college. By means of the thick description, based on Clifford Geertz, knowledge, power relations, symbols and training periods of the different cultures – hegemonic and counter-hegemonic – , MST and Brazilian public university were analyzed. I confirmed my hypothesis that it is possible to face intercultural relationship, guided by dialogue, respect, exchange, partnership, tolerance, admiration, learning and horizontality, which produces a constellation of knowledge in the borderline of the University and the MST, giving rise to the ecology of knowledge and cognitive justice. But the process of interaction did not happen in a linear, homogeneous and constant way. Despite the friction and contradictions, I consider the observed and analyzed relationship between these particular cultures, as an area of intersection and translation, by having generated multiple intelligibilities and appreciation of knowledge, and having produced alternative epistemologies to the neoliberal globalization, setting up a counter-hegemony to aggregate diverse knowledge. At this encounter, it was proved that we are part of a world of pluralities and epistemological diversity, generated by dialogue and mutual respect, gained and acquired through interaction between these cultures, initiated since the birth of the MST.
Descrição: Tese de doutoramento na área científica de Sociologia (Programa de Doutoramento em Pós-colonialismos e Cidadania Global) apresentada à Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra.
URI: https://hdl.handle.net/10316/26981
Direitos: openAccess
Aparece nas coleções:I&D CES - Teses de Doutoramento
UC - Teses de Doutoramento
FEUC- Teses de Doutoramento

Ficheiros deste registo:
Ficheiro Descrição TamanhoFormato
Ecologia de saberes e justiça cognitiva.pdfTese3.16 MBAdobe PDFVer/Abrir
Mostrar registo em formato completo

Visualizações de página 20

757
Visto em 16/abr/2024

Downloads 10

2.654
Visto em 16/abr/2024

Google ScholarTM

Verificar


Todos os registos no repositório estão protegidos por leis de copyright, com todos os direitos reservados.