O Impacto da Cirurgia Metabólica no Tratamento da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono

Abstract

Obstructive sleep apnea syndrome (OSAS) is a highly prevalent condition in the overweight or obese population. Its origin lies in a predisposition to partial or total collapse of the upper airways, resulting in ventilatory disturbance and hypoxemia accompanied by sleep fragmentation. Cervical and truncal adiposity promotes airway collapse and ventilatory restriction, increasing the incidence, severity, and symptomatic burden of the disease. Oxidative stress, inflammation, and metabolic dysregulation are common denominators in both diseases. Weight loss is crucial in the treatment of OSAS in overweight or obese patients. Compared to lifestyle modifications and pharmacological treatment, metabolic surgery offers more significant and sustained weight loss over time, often leading to the remission of associated comorbidities such as OSAS. Additionally, comprehensive preoperative assessment, intraoperative management, and adequate postoperative monitoring are essential. Available surgical procedures, classified as restrictive, malabsorptive, or mixed, have their efficacy measured by weight loss, partial or complete remission of OSAS, improvement in comorbidities, and enhancement of postoperative quality of life. The effects of metabolic surgery on OSAS include weight-dependent effects and weight-independent metabolic effects that vary among different types of procedures, each with its advantages and potential complications. Metabolic surgery significantly impacts patients' physical and psychological well-being and quality of life, leading to a significant reduction in direct and indirect healthcare costs compared to non-surgical treatments. However, partial regression of achieved improvements can occur due to recurrent weight gain, advanced age, and maintaining an inadequate lifestyle, emphasizing the importance of medical follow-up and adoption of healthy habits (e.g., diet and exercise) by patients after surgery.

A síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) é uma condição de elevada prevalência na população com excesso de peso ou obesidade. Na sua génese está uma predisposição para o colapso hípnico parcial ou total das vias aéreas superiores, que resulta numa perturbação ventilatória e hipoxémia acompanhadas de fragmentação do sono. A adiposidade cervical e troncular favorece o colapso da via aérea e a restrição ventilatória, aumentando a incidência da doença, a sua gravidade e o fardo sintomático do doente. O stress oxidativo, a inflamação e a desregulação metabólica são um denominador comum em ambas as doenças. A perda de peso é fundamental no tratamento da SAOS em doentes com excesso de peso ou obesidade. Em comparação com modificações no estilo de vida e tratamento farmacológico, a cirurgia metabólica oferece uma perda de peso mais significativa e sustentada ao longo do tempo, frequentemente levando à remissão de comorbidades associadas, como a SAOS. Além disso, uma avaliação pré-operatória multidisciplinar, gestão intraoperatória e monitorização pós-operatória adequadas são essenciais.Os procedimentos cirúrgicos disponíveis, classificados em restritivos, malabsortivos ou mistos, vêem a sua eficácia medida pela perda de peso, remissão parcial ou total da SAOS, melhoria de comorbilidades, e melhoria da qualidade de vida pós-operatória. Os efeitos da cirurgia metabólica na SAOS incluem efeitos dependentes do peso e efeitos metabólicos independentes do peso que variam entre os diferentes tipos de procedimentos, cada um com suas vantagens e complicações potenciais. A cirurgia metabólica tem um impacto significativo no bem-estar físico e psicológico e na qualidade de vida dos doentes, levando a uma redução significativa nos custos diretos e indiretos em saúde quando comparado com tratamentos não cirúrgicos. No entanto, a regressão parcial das melhorias alcançadas pode ocorrer devido ao aumento de peso recorrente, idade avançada e manutenção de um estilo de vida inadequado, destacando-se a importância do acompanhamento médico e a adoção de hábitos saudáveis (e.g. dieta e exercício físico) pelos doentes após a cirurgia.