Quantificação da Cerâmica Utilitária do Casal Romano Julioa 24 (aldeia da Luz, Mourão) - Análise de Algumas Sondagens da 4ª Campanha de Escavações

Abstract

Sabemos que contar é necessário para resolver muitos problemas arqueológicos. A quantificação é, informalmente, uma resposta para a pergunta “quanto?”. Para muitas classes de achados, esta questão não representa um problema: pode-se simplesmente contar os objetos; mas, para a cerâmica, a questão de como se 'conta' objetos, quase sempre fragmentados e incompletos, está longe de ser trivial. Através da análise da cerâmica utilitária presente em algumas das sondagens escavadas durante a 4ª campanha de escavações no casal romano Julioa 24 (aldeia da Luz, Mourão), e da criação de grupos cerâmicos, este estudo teve como objetivo estimar o número de peças e abundâncias relativas nelas presentes, através de diferentes métodos de quantificação: a contagem de fragmentos, a massa, o MNV (Minimum Number of Vessels) com o ajuste dos Bords Pondérés e a EEP (Estimativa de Equivalente de Peça). Numa primeira parte, foi feita a contextualização, através de vários aspetos que pareceram pertinentes, deste casal romano, objeto de estudo do presente trabalho. A segunda parte do trabalho dedicou-se à referida estimativa e à discussão em torno de alguns aspetos da quantificação. Foram feitas inferências sobre a composição e o número de peças do acervo estudado e sobre vários aspetos da sua distribuição espacial. Também foi feita a comparação do uso destas várias medidas de quantificação neste contexto e discutida a sua precisão para medir as diferentes proporções e para entender como estas são afetadas por diferenças de completude e fragmentação.Este estudo serviu fundamentalmente como um exercício de aprendizagem de métodos e técnicas de investigação, tendentes a compreender a abordagem aos materiais arqueológicos. Espera-se que se tenha contribuído para um renovado interesse pelo estudo das cerâmicas de apoio à vida quotidiana de comunidades periféricas e de sítios arqueológicos de menor monumentalidade. Tratar os casais no quadro de arqueologia de acompanhamento pode ser um problema, dada a pouca visibilidade destas estruturas. Com este trabalho pensamos, também, ter dado um contributo para o debate sobre essa problemática.

We know that counting is necessary to solve many archaeological problems. Quantification is informally an answer to the question "how much?" For many classes of findings, this question doesn't pose a problem: one can simply count the objects. However, for ceramics, the question of how to 'count' objects, which are often fragmented and incomplete, is far from trivial. Through the analysis of utilitarian ceramics found in some of the excavated test pits during the 4th excavation campaign at the Roman “casal” Julioa 24 (Luz village, Mourão), and by creating ceramic groups, this study aimed to estimate the number of pieces and their relative abundances using different quantification methods: fragment counting, mass, MNV (Minimum Number of Vessels) with the adjustment of Bords Pondérés, and EVE (Estimated Vessel Equivalent). In the first part, contextualization was done through various aspects that seemed relevant to this Roman “casal”, the subject of this study. The second part of the study focused on the aforementioned estimation and the discussion around some aspects of quantification. Inferences were made about the composition and number of pieces in the studied collection, as well as various aspects of their spatial distribution. The use of these various quantification measures in this context was also compared and their precision in measuring different proportions and understanding how they are affected by differences in completeness and fragmentation was discussed. This study primarily served as an exercise in learning research methods and techniques aimed at understanding the approach to archaeological materials. It is hoped that it has contributed to a renewed interest in studying ceramics used in the daily lives of peripheral communities and less monumental archaeological sites. Dealing with couples within the framework of archaeological monitoring can be a challenge due to the limited visibility of these structures. With this work, we also believe to have made a contribution to the debate on this issue.